>
 

Adorar

            “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. (Mateus 2:2)

            “Ninguém pode adorar a quem não ama, não pode amar a quem não tem a intenção de obedecer.”

Philip D. Walmer

Quase dois anos depois de Jesus nascer, vieram do oriente vários magos a procura de Jesus. Supostamente havia apenas três, número determinado por causa dos três presentes a Ele apresentados, mas poderia haver bem mais, pois os viajantes daquela época viajaram em caravanas numerosas para ter mais segurança contra bandos de assaltantes nômades que habitavam as regiões desérticas.

O número destes não importa, mas o que para eles e nós, o que importa é o fato de si mesmo apresentar para adorá-Lo. Eles vieram de uma terra longínqua para adorar o Rei dos Judeus cuja estrela tinham visto meses antes. Eu me comovo o coração de pensar que estes viajaram dias e mais dias, semanas e mais semanas. As semanas se tornaram meses até quase completar dois anos. Tudo isto apenas para adorar alguém que se tornaria rei. “... perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo.” (Mateus 2:2)

Pense nestes dias sofridos no lombo de um camelo, do calor extremo de dia e as noites de extremo frio. Pense na separação de amigos, de familiares e de ambientes conhecidos. Pense na sede e talvez fome que passaram para poder chegar ao seu destino. Empregos, ofícios e posições de importância foram deixados para achar a quem suas almas desejaram adorar. Eles não somente investiram e gastaram na viagem, mas levaram presentes de grande valor para apresentar ao recém nascido rei.

Quando penso nestas possíveis condições, eu me lembro das mais variadas excusas que ouvi ao longo dos anos de pessoas tentando justificar sua ausência diante do Senhor para adorá-Lo. Sim, excusas. Meu pai sempre me fez refletir sobre as excusas que ofereci por não completar uma tarefa ou o obedecer por definir uma excusa assim: “Uma excusa é apenas uma casca de verdade recheada de mentiras.” Ao longo do anos eu mesmo determinei que isto normalmente não foge da verdade.

É impressionante como pessoas podem achar meios para se justificarem. É quente demais, ou frio demais. É a chuva que detém e imposibilita de chegar a um lugar onde Deus pode ser adorado. Estes magos gastaram anos de sua vida para achar o rei que a estrela anunciou, mas pessoas acham que é demais para gastar poucas horas em cada semana para assistir um culto onde Deus é adorado.

Tem aqueles que trazem algumas moedas mínguas para oferecer como tributo ao Senhor que por eles deu tanto. Dízimo? Para algums isto é demais. Como é que a igreja pode exigir tal coisa de uma pessoa, indagam. Ninguém exigiu dos magos, mas eles trouxeram voluntariamente ofertas de grande valor ao Rei dos reis. Não havia reclamação, nem queixa de que isto estava sendo requerido deles, mas deram com alegria e sem pensar em recompensa por um suposto sacrifício.

Isto me faz lembrar de Abraão e Isaque na ocasião em que este pai ofereceu seu próprio filho em sacrifício a Deus em obediência ao um pedido que parecia demais, mas nisto a fé de Abraão foi provada. Alguns têm a idéia de que Isaque era apenas um menino pequeno e indefeso, quando na realidade era provável que fosse um homem crescido e forte, e sem dúvida em condições para fugir de seu pai incapacitado pela idade. Isaque propôs uma pergunta: “Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gênesis 22:6-7) Ouço a resposta de Abraão: “Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos.” (Gênesis 22:8)

Prezado leitor, você deve notar que o sacrificador e quem estava para ser sacrificado andavam juntos para adorar o Senhor, pois assim disse Abraão aos seus servos: “Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós.” (Gênesis 22:5)

Não sei onde você se encontra neste Natal. Talvez você se sente que algo demais está sendo demandado de você; que Deus está sendo injusto para requerer tanto de você. Lembra-se de Abraão que estava indo para sacrificar seu filho da promessa no por de sol da sua vida, mas disse que estava indo para adorar o Senhor. Isto é profundo! Mas de igual espanto é o fato de que Isaque, aquele que estava para ser sacrificado também estava indo para adorar. Talvez você se sente que Deus está fazendo um holocausto de você. Mas se lembra que apesar da dureza da vida, das circunstâncias dela, de tudo que você seja obrigado a sofrer, você ainda pode adorar o Senhor.

Como Deus proveu um sacrifício para tomar o lugar de Isaque, Ele pode no meio de tudo que você sofre prover cada uma das suas necessidades. Você precisa aproximar-se do seu momento de sacrifício, seja como quem sacrifica ou como quem é sacrificado, com atitude de adoração e assim verá a divina aprovação de Deus, bem como Sua providência. Que Deus ache em nós neste Natal o espírito de um verdadeiro adorador, que não importa com as circunstâncias, mas apenas com o fato que Ele merece ser adorado por seus súditos.

Philip D. Walmer