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Fome E Sede

 

 

                "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos." (Mateus 5:6)

            Eu sempre fui conhecido como um homem de um bom apetite. Gostava de comida e em abundância. Como alguns diziam, eu era bom de garfo. Além do mais, havia pouca coisa que não gostava de comer, que alegrava cozinheiros e cozinheiras, pois podiam preparar qualquer coisa e para mim era bom demais.

            No entanto, alguns anos atrás adoeci, e adoeci mesmo. Não me esqueço do primeiro dia quando comecei sentir os sintomas da doença. Estava trabalhando em um serviço duro de construção e ao passar da manhã fiquei cada vez mais fraco, que foi novidade por um homem que sempre foi forte. Ao chegar meio dia falei com meu auxiliar que iríamos parar e não trabalhar mais aquele dia. Fui para casa sem apetite e fui logo para a cama, sem saber que passariam muitas semanas antes de sentir fome de verdade novamente. Quando não melhorei chamamos o médico que me diagnosticou com hepatite e receitou uma dieta muito restrita e até noventa dias de cama para poder me recuperar. Pensei que ele estava sendo severo demais, no entanto a doença piorou e cheguei a ter nojo de comida, não podia nem aguentar o cheiro que vinha da cozinha, pois me dava ânsia de vômito. Finalmente reconheci que tinha que comer ou ficaria ainda mais fraco. Eu me forcei para comer. Cada garfada foi tragada com grande dificuldade. Foi uma experiência terrível e sofrida. Depois de sarar completamente, que pela graça de Deus foi mais rápido do que o médico esperava, agradeci mesmo a Deus por não somente ter me curado, mas por deixar-me sentir aquele desejo de comer a vontade.

            Do lado espiritual eu sempre gostava de assistir os cultos, cantar, louvar a Deus, orar e sentir a presença e poder de Deus. Queria estar na igreja cada vez que as portas se abriam para um culto de qualquer espécie. Tinha receio de perder algo, um toque especial de Deus, uma mensagem ungida da Palavra de Deus, um bom tempo cercado de outros com o mesmo propósito, orando no altar no final do culto. Quando não podia estar presente na igreja, batia no fundo da alma uma saudade tremenda.

            É por isso que fico pasmo ao ver pessoas que considera a igreja, o louvor a Deus em conjunto, a pregação da Palavra, a oração e tudo mais ligado com o culto a Deus como algo supérfluo, de pouca importância, ou algo que se fazem quando não há outra coisa mais interessante por fazer. É doença espiritual nos primeiros estágios. Com tristeza tenho observado a agravação da doença, que começa por faltar um culto de vez em quando, e quando assiste não há mais a intensidade de louvor e adoração. O tempo de oração no altar é apenas figurativo, pois depois de poucos curtos minutos abandonam o altar e a presença de Deus. A frequência dos cultos começa a diminuir ainda mais, chegando em cima da hora ou atrasado e no fim do culto a saída acontece logo depois da mensagem, pois a vontade de conversar com Deus em volta do altar se foi de uma vez.

            É falar dos demais estágios? Do fato que desistem de uma vez por todos de frequentar os cultos, ao ponto de sentir nojo de tudo ligado com Deus, a Bíblia, o louvor, a adoração e etc.? Já vi pessoas tão revoltadas contra Deus que parece que chegam ao ponto de vomitar quando estão na presença de pessoas que ainda amam a Deus e tudo ligado com o culto a Ele. Já vi pessoas fugir para não ser obrigado falar com um pastor ou membro de igreja.

            Prezado leitor, se hoje você tem fome e sede da justiça de Deus, deve levantar as mãos e O agradecer pelo bom apetite que tem, pelo amor que sente pela Palavra de Deus e o desejo de estar na presença Dele junto com outros da mesma fé. Ao escrever estas palavras, estou chorando de vontade de estar neste instante na presença de Deus num culto onde Ele está presente, onde outros estão levantando suas vozes em agradecimento pelas bênçãos recebidas.

           Choro também pelas centenas de pessoas que desviaram de Deus, que não frequentam mais os cultos, e nem mais vontade têm. Não lêem mais as cartas de amor de Deus, não têm fome e sede da presença de Deus, e nem querem mais a comunhão dos amigos de Deus. Que pena é, pois deixam de beber da água que realmente sacia a sede da alma.

           Leia comigo as expressão de Davi em relação a Deus: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?" (Salmos 42:1-2) e "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água." (Salmos 63:1)

          Amigo, se você não sente mais esta sede e fome, deve ir ao médico dos médicos para receber Dele o santo remédio que sua alma necessita, pois sem esta sede e fome, e a subsequente busca de Deus, sua alma jamais se satisfará, nem que busque todos os prazeres do mundo. Sua alma que veio de Deus só pode ser satisfeita na presença Dele.

Philip D. Walmer