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Graça É Licença?

            No meio evangélico hoje há muita conversa acerca de graça, isto é, a graça de Deus. No entanto, preocupo-me com a linha de conversa, e até com alguns livros que estão sendo lançados, pois parece que o pensamento que começa ser predominante é que a graça que Deus ofecece é licença para continuar praticando as obras da carne. Obviamente este pensamento existia na Igreja de Roma, pois Paulo faz a seguinte pergunta: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?" (Romanos 6:1)

            Como naquela época, parece que há uma relutância de romper com o mundo para poder servir a Deus. É notável que através da Bíblia há forte ensinamento acerca da separação do homem de Deus do mundo em volta dele. Deus tirou Abraão da terra idólatra dele e o removeu para um lugar onde ele poderia começar uma nova nação sem aquela influência abominável a Deus. Deus tirou o seu povo do Egito para a terra prometida a fim de colocar este povo longe daquilo que Ele não aprovava. Infelizmente o povo, motivado por seu desejo de ser igual aos outros em volta buscava e levava para casa o que Deus condenava, e portanto foram levados ao cativeiro por anos a fio para servir em escravidão os praticantes de tais coisas.

            Paulo responde a sua própria pergunta com estas palavras: "De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?" (Romanos 6:2) O batismo deste povo no Mar Vermelho era para ser um marco na vida dele. Significava que Egito, na Palavra de Deus é simbólico do mundo, estava para traz e uma vida nova estava para frente na forma de uma terra nova do qual eles deveriam explusar todos os praticantes de abominações. Em desobediência a Deus eles não cumpriram as ordens de Deus, deixando determinados moradores idólatras continuar na terra, e posterior formando várias uniões com eles como pactos, casamentos e etc. Assim, a pureza que Deus almejava para seu povo foi perdida. O povo de Deus se misturava com os idólatras até não havia diferença entre um e o outro. Com isto Deus se aborrecia e mandava a merecida punição da desobediência, o cativeiro, a escravidão, o afastamento de Deus e Sua divina providência. A Palavra de Deus é clara acerca da separação que deveria haver entre o povo que se chama o povo de Deus, isto é cristão e o mundo. Paulo obviamente observou a mesma tendência na Igreja de Corinto que notou na de Roma, pois escreve em II Coríntios 6:17; "Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei..."

            É triste para o cristão de verdade e ainda mais para Deus ver o que acontece no mundo de hoje. Muitos querem a salvação de Deus, querem alcançar o céu de Deus, no entanto recusam se separar daquilo que os prende ao mundo, tentando possuir o melhor de dois mundos tão distintos e tão opostos um ao outro. Jesus ensinou que esta façanha é impossível.

            Recente lí acerca de uma mulher famosa que pousou totalmente nua para revistas masculinas, mas o artigo salientou que ela se considera evangélica, e que esta exposição do corpo é apenas uma forma de arte e que ninguém deve maliciar aquilo. Com pensamentos assim reinando no meio evangélico é fácil entender, então, a relutância de muitos de largar de vez a vaidade com todas as suas facetas legitimadas pelo mundo e a maneira provocativa de se vestir. Isto tem levado a pratica de fornicação e adultério libertino desenfreado entre o povo e principalmente entre os jovens, e mais lamentável ainda tem se tornado algo com o qual se faz pouco caso no próprio ministério que deve servir de exemplo para o rebanho de Deus. É possível ir mais além ainda? Parece que sim, pois há suspostos líderes eclesiásticos que praticam relacionamentos sexuais com pessoas do mesmo sexo e até promovem aquilo com expressão de amor. A gente pergunta se é possível ir ainda mais longe da vontade de Deus. Obviamente é, pois em muitas organizações religiosas se descobrem pessoas que abusam de crianças e adolescentes. Quando a Igreja abre a porta para as pequenas coisas, não se passa muito tempo até os piores pecados imaginável estão sendo praticados com impunidade, e eventualmente se tornando aceitáveis.

            A graça de Deus nos alcançou, mas não nos deu liberdade de praticar o que a carne almeja. A graça de Deus nos alcançou para sermos do mundo e não no mundo e suas práticas. É para andar digno desta vocação à qual Deus nos chamou. "Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados..." (Efésios 4:1)

            Se aquele que ainda anda no mundo de prazeres, vícios e devassidão vêem o suposto crente praticando as mesmas coisas que ele pratica, participando dos mesmos divertimentos, falando da mesma maneira, e como resultado passando pelas mesmas aflições sem o auxílio de Deus, que desejo ele há de ter para submeter sua vida a Deus, vendo que o suposto crente não o fez? Não pode haver luz no suposto cristão que ainda pratica as obras das trevas. Ele não tem condições de ser o sal da terra (Mateus 5:13), isto é aquele que provoca sede em outros para possuir o que ele tem da parte de Deus.

           Veja mais esta passagem bíblica: "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito..." (Efésios 5:15-18)

           A graça é licença para pecar, para ter uma vida vaidosa, para andar de mãos dadas com o mundo? Lendo mais a passagem que segue creio que chegará a mesma conclusão que eu, e isto é que a vida cristã é uma vida de separação do mundo em todos os seus sentidos: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças. Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais participantes com eles." (Efésios 5:1-7)

Philip D. Walmer