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Sede Satisfeita

- Mamãe, estou com sede. Quero água!

Suzanna Petroysan  ouviu o pedido de sua filha, mas nada podia fazer. Ela e a filha de quatro anos, Gayaney, estavam debaixo de toneladas de aço e concreto.

A calamidade nunca bate antes de entrar e, desta vez, ela derrubara a porta.

Era o dia 7 de dezembro de 1988. Às 11 h 41 ocorreu o tremor, fazendo 55 mil vítimas, no maior terremoto da história da Armérica.

Quando o quinto andar do edifício onde estavam começou a tremer, Suzanna agarrou a filha e deu apenas alguns passos quando o piso abriu-se e elas caíram no subsolo de um prédio de nove andares, cercadas de escombros.

- Mamãe, estou com muita sede. Por favor, dê-me alguma coisa para beber.

Não havia nada que Suzanna pudesse fazer. Estava deitada debaixo dos escombros. Uma viga de concreto sobre sua cabeça e um cano sobre os ombros impediam-na de se pôr em pé.

- Mamãe, estou com muita sede!

Suzanna sabia que ia morrer, mas queria ao menos salvar sua filha. Encontrou um vestido e com ele improvisou-lhe uma cama. Apesar de estar muito frio, tirou as meias e colocou-as na filha, para aquecê-la.

As duas ficaram ali durante OITO longos dias.

Por causa da escuridão, Suzanna perdeu a noção do tempo. Por causa do frio, perdeu a sensibilidade das mãos e dos pés. E por causa da impossibilidade de mover-se, perdeu a esperança.

- Eu estava esperando apenas a morte chegar!

Começou a ter alucinações. Seus pensamentos vagueavam. De vez em quando, um sono providencial a livrava dos horrores do sepultamento: do frio, da fome e, mais frequentemente, da voz de sua filha:

- Mamãe, estou com sede!

Em algum momento daquela noite eterna, Suzanna teve uma idéia. Lembrou-se de um programa de TV no qual ouviu contar da experiência de um explorador do Ártico que estava morrendo de sede. Seu companheiro deu um corte profundo na mão, dando-lhe seu próprio sangue para beber.

- Eu não tinha água... nenhum líquido. Foi aí que lembrei-me de meu próprio sangue.

Tateando com os dedos dormentes de frio, Suzanna achou um pedaço de vidro quebrado. Abriu com ele o polegar da mão esquerda e deu-o para a filha chupar. As gotas não eram suficientes.

- Por favor, mamãe, um pouco mais. Corte outro dedo.

Suzanna não se lembra de quantas vezes teve que cortar-se. Ela só sabe que, se não houvesse feito isso, Gayaney teria morrido. Seu sangue fora a única esperança de salvação para sua filha.

"Este cálice é o novo pacto em meu sangue ", explicou Jesus.

Debaixo dos escombros de um mundo decaído, Ele feriu Suas mãos. Nos destroços de uma humanidade perdida, Ele feriu o Seu lado. Seus filhos estavam soterrados; então deu-lhes o Seu próprio sangue. Era tudo o que Ele tinha. E foi o suficiente!

"Se alguém tem sede, venha a mim e beba." João 7:37