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Motivos

"... Em verdade, em verdade vos digo: Vós Me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes."  (João 6:26)

             A terra castigada pela seca já havia cobrado seu tributo dos moradores, e as pequenas vilas começaram a enviar comboios de homens e mulhe­res para o Instituto Agrícola Riverside, onde esperavam obter milho e aliviar a fome. Como líder do programa de combate à fome de Zâmbia, eu sabia que já se havia espalhado a notícia de que a escola de treinamento agrícola estava distribuindo alimento. Ansiosamente, os aldeões chegavam, cansados, mas com a esperança de que os dias de fome estivessem no fim. A gratidão lhes enchia os olhos e preciosas palavras de bênção eram proferidas sobre nossa equipe de obreiros voluntários.

            Onde quer que nossos caminhões aparecessem, chegavam cartas agrade­cendo nossa disposição de organizar e efetuar a distribuição do milho.

            Então veio o momento em que o milho parou. Os problemas de transpor­te em nível governamental eram tão graves que nada saía das cidades. Feliz­mente, as vilas adjacentes haviam guardado um estoque de milho para resis­tir a uma crise desse tipo, mas quando viram suas reservas minguando, co­meçaram a entrar em pânico.

            Irados líderes das aldeias começaram a aparecer em nosso escritório, acu­sando-nos de matar o povo de fome. Circularam falsos rumores, segundo os quais estaríamos guardando grãos para nós mesmos e impedindo que che­gassem à população. Criam que era por nossa culpa que estavam sofrendo, e exigiam justiça. Quão rapidamente mudaram de opinião! Obviamente, a consideração que havíamos recebido daquele povo estava em proporção direta com o pão que lhe havíamos dado se não com o peixe também.

            A questão do transporte foi solucionada (normalmente, e os caminhões come­çaram a distribuir o milho outra vez. A população passou a receber de novo grandes estoques de alimento e mais uma vez se demonstraram muito ami­gos. Como crianças pequenas, rodeavam-nos ansiosos por dizer que nunca haviam duvidado de que superaríamos a crise.

            O rumo dos acontecimentos não nos surpreendeu. Demos-lhe o nome de natureza humana. Mas vê-lo interpretado de maneira tão vívida me fez pen­sar acerca de meu próprio relacionamento com Deus. O salto na imaginação não precisa ser tão grande para ver o mesmo vestígio de natureza humana em meu coração. A menos que eu dê ao Santo Espírito a permissão para cru­cificar meu "eu", agradeço o amor e as bênçãos de Deus somente para dar as costas quando entendi) que seguir a Cristo significa negar a mim mesma e tomar minha cruz. Hoje, aquela pergunta feita aos discípulos atravessa os sé­culos e persegue a todos nós: "Quereis também vós outros retirar-vos?" E, a menos que nosso coração esteja procurando mais do que alguns sacos de mi­lho, nossa resposta não será diferente daquela da multidão que havia comido os pães e os peixes.

Deborah Ano

Pensamento do Dia: Diante do mundo inteiro, sim, diante do mundo Cristão, insoniado, morno, incrédulo e preguiçoso, ousaremos confiar em nosso Deus, aventuraremos nosso tudo para Ele, viveremos e morremos para Ele, e o faremos com Seu gozo indescritível cantando em nossos corações. C. T. Studd