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Natal No Posto De Gasolina

 

O velho estava sentado em seu posto de gasolina em uma véspera de Natal fria. Ele não tinha estado em qualquer lugar havia anos desde que sua esposa havia falecido. Era apenas mais um dia para ele. Ele não odiava o Natal, simplesmente não conseguia encontrar um motivo para comemorar. Ele estava sentado, olhando para a neve que estava caindo durante a última hora, ponderando o que estava acontecendo, quando a porta se abriu e um homem sem-teto entrou.

Ao invés de jogar o homem para fora, Velho George, como era conhecido pelos seus clientes, disse ao homem para entrar e sentar-se junto ao aquecedor e aquecer-se. "Obrigado, mas eu não quero intrometer," disse o estranho. "Eu vejo que você está ocupado, acho que eu vou sair."

"Não sem algo quente em sua barriga." George disse.

Ele se virou e abriu uma grande garrafa térmica e o entregou para o estranho. "Não é grande coisa, mas é quente e saboroso. Ensopado... Eu mesmo fiz. Quando tem terminado, há café e é novo."

Naquele mesmo momento ele ouviu o "tinir" do sino que anunciava a chegada de um cliente. "Desculpe-me, já volto," disse George. Lá debaixo da marquise do posto estava um velho Chevrolet, ano 1953. Vapor estava saindo da frente dele. O motorista estava em pânico. "Senhor, você pode me ajudar!" exclamou o motorista, com um sotaque espanhol profundo. "Minha esposa está grávida e meu carro está quebrado." George abriu o capô. Estava ruim mesmo. O bloco parecia rachado por causa do frio, o carro estava morto.

"Você não vai a lugar algum nessa coisa," George disse enquanto se virava.

"Mas senhor, por favor, me ajude..." A porta do escritório se fechou atrás de George quando entrou. Ele foi até a parede do escritório e pegou as chaves da sua velha caminhonete, e voltou para fora. Ele caminhou ao redor do prédio, abriu a garagem, deu partida na caminhonete e dirigiu-a ao redor de onde o casal estava esperando. "Aqui, pegue a minha caminhonete," disse ele. "Ela não é a melhor caminhonete que você já viu, mas ela anda muito bem."

George ajudou a colocar a mulher no carro e viu quando ele saiu em disparada pela noite. Ele virou-se e caminhou de volta para dentro do escritório. "Fico feliz que eu emprestei a caminhonete para eles, os pneus do carro não prestaram também. Esta caminhonete velha tem qualidade de nova." George pensou que ele estava falando para o estranho, mas o homem tinha ido embora. A garrafa térmica estava sobre a mesa, vazia, com uma xícara para café usada ao lado dela. "Bem, pelo menos ele tem algo em sua barriga," pensou George.

George voltou para fora para ver se o velho Chevrolet iria dar partida. O motor virou lentamente, mas deu partida. Ele levou-o para a garagem onde a caminhonete havia estado. Ele pensou que iria mexer com o motor para ter alguma coisa por fazer. Véspera de Natal significava a falta de clientes. Ao mexer com o motor descobriu o bloco não tinha rachado, era apenas a mangueira inferior do radiador que estava furada. "Bem, isto é fácil e eu mesmo posso consertar," disse ele a si mesmo. Então, instalou uma mangueira nova.

"Esses pneus não vão passar pelo inverno também." Ele tirou os pneus para neve do velho Lincoln de sua falecida esposa. Eles eram como novos e ele não ia usar o carro de qualquer maneira.

Enquanto trabalhava ele ouviu tiros sendo disparados. Ele correu para fora e ao lado de um carro da polícia viu um policial deitado no chão frio. Ele sangrava do ombro esquerdo e gemia: "Por favor, me ajude."

George ajudou o policial para entrar enquanto lembrava-se da formação que recebeu no Exército como paramédico. Ele sabia que a ferida necessitava atenção. "Pressão para parar o sangramento," ele pensou. A lavanderia de uniformes tinha passado por lá naquela manhã e deixou toalhas limpas na loja. Ele usou essas e fita adesiva para fechar a ferida. "Ah! Dizem que esta fita adesiva pode resolver qualquer coisa," disse ele, tentando fazer com que o policial se sentisse à vontade.

"Alguma coisa para a dor," pensou George. Tudo o que ele tinha era os analgésicos que ele usou para as dores nas costas. "Estes devem funcionar." Ele colocou um pouco de água em um copo e deu com os comprimidos ao policial. "Você pode assentar ali, ficar calmo eu vou arranjar uma ambulância."

O telefone estava mudo. "Talvez eu consiga ligar para um de seus colegas pelo rádio lá fora no seu carro." Ele saiu apenas para descobrir que uma bala havia entrado no painel, destruindo o rádio.

Ele voltou para encontrar o policial sentado. "Obrigado", disse o policial. "Você poderia ter me deixado lá fora. O cara que atirou em mim ainda está na área."

George sentou-se ao lado dele, "Eu jamais deixaria um homem ferido quando servia no Exército e eu não vou lhe deixar também." George afastou o curativo para verificar se havia sangramento. "Parece pior do que é. A bala atravessou seu ombro. Ainda bem que ela não atingiu qualquer órgão importante. Acho que com o tempo você vai ficar bom mesmo."

George levantou-se e colocou café em uma xícara. "Como é que você costuma de tomá-lo?" perguntou ele.

"Nenhum para mim", disse o policial. "Oh, não, você vai beber isso, sim. É o melhor da cidade. É pena que eu não tenha nenhuma rosquinha para acompanhá-lo." O oficial riu e fez uma careta por causa da dor ao mesmo tempo.

A porta da frente do escritório se abriu. Um jovem entrou rapidamente com uma arma na mão. "Dê-me todo o seu dinheiro! Faça isso agora!" o jovem gritou. Sua mão tremia e George percebeu que ele nunca tinha feito nada assim antes.

"Esse é o cara que atirou em mim!" exclamou o policial.

"Filho, por que você está fazendo isso?" perguntou George, "Você precisa guardar esse canhão. Mais alguém poderia ficar machucado."

O rapaz estava confuso. "Cale a boca velho, ou eu vou atirar em você, também. Agora me dê o dinheiro!"

O policial estava alcançando sua arma. "Guarde isso," disse George ao policial, "já temos um ferido demais aqui dentro."

Ele voltou sua atenção para o jovem. "Filho, é a véspera de Natal. Se você precisa de dinheiro, pois bem, aqui. Não é muito, mas é tudo que tenho. Guarde essa arma agora."

George tirou US$150.00 do bolso e entregou-o ao jovem, pegando o cano da arma ao mesmo tempo. O jovem soltou a arma, caiu de joelhos e começou a chorar. "Eu não sou muito bom nisso, eh?" questionou o jovem. "Tudo que eu queria era para poder comprar algo para minha esposa e meu filho," ele continuou. "Eu perdi meu emprego, o aluguel venceu, o meu carro foi retomado na semana passada."

George entregou a arma ao policial. "Filho, todos nós entramos em um aperto de vez enquanto. A estrada fica difícil às vezes, mas atravessamos a fase da melhor maneira que pudermos."

Ele ergueu o jovem de pé, e sentou-o em uma cadeira de frente com o policial. "Às vezes, fazemos coisas estúpidas." George entregou uma xícara de café ao jovem. "Sendo estúpido é uma das coisas que nos torna humano. Entrando aqui com uma arma não é a resposta. Agora senta aí,  aquece-se e vamos resolver tudo isso."

O jovem tinha parado de chorar. Ele olhou para o policial. "Desculpe-me por atirar em você. A arma simplesmente disparou. Sinto muito mesmo, seu guarda."

"Cale a boca e toma seu café," disse o policial. George podia ouvir sons de sirenes vindos do lado de fora. Um carro de polícia e uma ambulância chegaram, derrapando até parar. Dois policiais entraram pela porta de armas em punho. "Chuck! Você está bem?" um dos policiais perguntou ao policial ferido.

"Nada mal para um cara que levou um tiro. Como você me encontrou?"

"Pelo localizador GPS no seu carro. É a melhor coisa que inventaram até agora. Quem fez isso?" o outro policial perguntou enquanto aproximou-se do jovem policial.

Chuck lhe respondeu: "Eu não sei. O cara saiu correndo escuridão adentra. Só largou a arma e saiu correndo."

George e o jovem olhavam um para o outro intrigado.

"Esse cara trabalha aqui?" o policial ferido continuou.

"Sim," disse George, "Contratei-o esta manhã mesmo. O rapaz perdeu o emprego."

Os paramédicos entraram e carregaram Chuck na maca. O jovem inclinou-se sobre o policial ferido e sussurrou: "Por quê?"

Chuck apenas disse: "Rapaz, Feliz Natal ... e para você também, George, e obrigado por tudo."

"Bem, parece que você ganhou uma baita colher de chá. Isso deve resolver alguns dos seus problemas."

George entrou na sala de trás e saiu com uma caixa. Ele tirou uma pequena caixa de aliança de dentro da caixa. "Aqui está, alguma coisa para a sua amada esposa. Eu não acho que Martha se importaria. Ela disse que viria a servir bem algum dia."

O jovem olhou para dentro da caixinha para contemplar a maior aliança de diamantes que já viu na vida. "Eu não posso aceitar isso", disse o jovem. "Isso deve significar muita coisa para você."

"E agora, isso significa alguma coisa para você," respondeu George. "Eu tenho minhas memórias. Isso é só que eu preciso."

George pegou na caixa novamente. Um avião, um carro e um caminhão apareceram do lado de dentro da caixa. Eram brinquedos que a companhia petrolífera tinha deixado para ele vender. "Aqui está algo para aquele homenzinho de vocês."

O jovem começou a chorar de novo quando ele devolveu os US$150 que o velho lhe entregara antes.

"E com que você vai comprar a ceia de Natal? Você fica com aquilo também," disse George. "Agora, vá para casa para sua família."

O jovem virou-se com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. "Eu vou estar aqui de manhã para o trabalho, se essa oferta de emprego ainda é válida."

"Não. Estou fechado no dia de Natal", disse George. "Te vejo no dia seguinte."

George virou-se para descobrir que o estranho havia retornado. "De onde você veio? Achei que você saiu?"

"Eu estive aqui. Eu sempre estive aqui," disse o estranho. "Você diz que não comemora o Natal. Por quê?"

"Bem, depois que minha esposa faleceu, eu simplesmente não conseguia ver a razão de todo o incômodo. Erguer uma árvore de Natal e tudo mais parecia um desperdício de um bom pinheiro. Assar biscoitos como eu costumava fazer com Martha não era mais o mesmo para mim e, além disso, eu estava ficando um pouco gordinho."

O estranho colocou a mão no ombro de George. "Mas você comemora o feriado, George. Você me deu comida e bebida e me aqueceu quando eu estava com frio e com fome. A mulher grávida terá um filho e ele vai se tornar um grande médico."

"O policial que você ajudou conseguirá de salvar 19 pessoas de ser mortas por terroristas. O jovem que tentou roubar você vai fazer de você um homem rico e não tomará qualquer para si mesmo. Esse é o espírito da época e você consegue mantê-lo tão bem quanto qualquer outro homem."

George foi pego de surpresa por tudo que o estranho havia dito. "E como é que você sabe tudo isso?" perguntou o velho.

"Confie em mim, George. Eu tenho um conhecimento desse tipo de coisa. E quando os seus dias são completos você estará com Martha novamente."

O estranho aproximou-se da porta. "Se você vai me desculpar, George, eu tenho que ir agora. Tenho que ir para casa, onde há uma grande festa planejada."

George observou a velha jaqueta de couro e as calças rasgadas que o estranho usava transformaram-se em uma túnica branca. A luz dourada começou a encher a sala.

"Você vê, George ... é meu aniversário. Feliz Natal."

George caiu de joelhos e respondeu: "Feliz Aniversário, Senhor Jesus."