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Imperfeitos 2

Número 2

                Qualquer um como eu, poderia recordar com nitidez os primeiros dias de escola. Você entrou, provavelmente sem saber ler ou fazer cálculos matemáticos. Era uma nova experiência, um pouco assustadora e um tanto desafiadora. Mas, a professora acalmou a todos, fez a amizade entre os alunos, e entre ela e os alunos. Assim, todos começaram a sentir melhor, mais em casa, e com vontade de abrir a mente para esta professora que vai iniciar o processo de aprendizagem para os alunos.

                O processo de ensinamento tem sido estudado ao longo de décadas e séculos e aos poucos foi aperfeiçoado para que os alunos de hoje possam receber o melhor ensinamento possível. No entanto, ninguém começou o processo logo estudando álgebra, geometria e outras formas de matemática avançadas. Da mesma forma ninguém, começou ler livros por Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, entre outros autores do nível deles. Era necessário, contudo, aprender em primeiro lugar somar números simples, subtrair números simples para depois avançar para cálculos mais complicados. A aprendizagem de leitura seguiu o mesmo ritmo, começando por reconhecer palavras de uma só sílaba, avançando aos poucos para palavras com duas, três ou mais silabas. Quem não se desanimou, que não saiu da escola, em tempo se formou e podia entrar no mercado de trabalho.

                Quem seguiu fielmente o curso de aprendizagem em nenhum momento do processo podia se considerar como tendo alcançado o máximo de conhecimento, pois à frente dele havia ainda mais para aprender. Ele era sempre um aluno imperfeito, pois não tinha aprendido tudo ou alcançado o nível máximo de aprendizagem.

                A mesma lógica pode ser aplicada à vida espiritual. O novo convertido não pode começar aprender as doutrinas mais profundas da vida cristã, contudo deve começar aprender os princípios mais básicos, mas não deve se estacionar neste nível inicial, almejando sempre avançar no seu conhecimento da Palavra de Deus que lhe dará um conhecimento cada vez mais profundo de Deus. Assim, apesar de não chegar logo à perfeição, terá sua fé fortalecida, fazendo com que ele seja um crente firme e impossível de enganar e derrubar espiritualmente.

                O pregador Isaias falou ao povo de Israel que sua aprendizagem de Deus e a plenitude de bênçãos que Ele quis derramar sobre a nação seria um processo lento. "Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali." (Isaias 28:10) Esta nação impaciente jamais aprendeu tudo que Deus quis ensiná-la e portanto nunca recebeu a plenitude das bênçãos de Deus. Ela desistiu da escola de Deus.

            Damos elevada consideração ao Apóstolo Paulo, mais ele se considerou como alguém que era ainda imperfeito, não tendo alcançado a epítome de tudo que Cristo tinha para ele. Mas não desistiu de procurar alcançar cada vez mais em Deus. Após descrever sua vida de vantagem na religião judaica, ele disse que considerou tudo antes de Cristo como perda para poder conhecer a Cristo: "Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão..."

            Imperfeitos somos, mas enquanto avançamos somos aceitáveis a Deus.

Philip D. Walmer