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Fusão...

            "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." (João 17:20-23

            A leitura desta parte da oração sacerdotal de Jesus comove, pois nela vemos o desejo ardente de Jesus. É por esta oração que vemos para dentro do coração de Jesus que veio com a intenção específica de dar sua vida para que este desejo fosse concebido e levado a sua mais profunda conclusão gloriosa, isto é, a fusão da nossa vida com a de Jesus de uma forma inseparável.

            Quando comecei a pensar acerca deste assunto, eu parti para o dicionário para ver a definição real desta palavra, fusão, que tão bem ilustra a vida que Jesus deseja para todos os seus seguidores. A fusão é e significa: derretimento, fundição, liga, mistura, combinação, união, aliança, associação e massa fundida. Cada uma destas palavras define tão bem o que deve de ser o nosso relacionamento com Jesus. Em primeiro lugar devemos ser totalmente derretidos pelo arrependimento que deve ser acompanhado com lágrimas e quebrantamento total de nosso ser por reconhecer nosso pecado e total inaceitabilidade por Deus em nosso estado presente. A partir deste momento deve haver uma fusão de nosso ser com o de Jesus, nosso Salvador. Esta fundição é de fato uma ligação forte que não pode ser quebrada por forças exteriores. É também uma mistura da vida Dele com a nossa de tal maneira que nossa vida desaparece e só a Dele aparece. Outra definição da palavra fusão diz: o desaparecimento gradativo de uma imagem, simultâneo com o aparecimento de outra.  É justamente isto que deve acontecer quando nós nos unimos com Jesus pela experiência do Novo Nascimento.

            Mas, infelizmente não é isto que se vê na maioria dos supostos crentes no dia de hoje. Sim, as pessoas querem a salvação, a promessa de vida eterna, morada na cidade celestial e assim por diante. No entanto, querem viver suas vidas aqui na terra na maneira que eles querem. Não querem e não aceitam aquela fusão da sua vida com a de Jesus Cristo ao ponto de perder sua própria personalidade, vida e visual. Não há dúvida que estamos muito aquém daquilo que Cristo almeja para seus filhos.

            Esta verdade veio tão forte para mim no ano passado enquanto fazia uma arrumação no jardim de casa. Cavando na terra descobri raízes de três árvores da mesma qualidade. Estas raízes cruzaram, tocando uma na outra debaixo da superfície da terra e cresceram de tal forma que uma ficava unida com a outra de forma para ficar inseparáveis. (Fotos em anexo) É assim que deve ficar nossa vida com a de Jesus. Mas vemos que muitos querem Jesus, Ele pra lá e eles pra cá. Conforme o entendimento deles, Jesus fica de lado enquanto eles vivem a vida da forma que querem, mas se acontecer algum problema, Ele estaria por perto para socorrê-los. Este tipo de relacionamento jamais dará certo, pois é contra o relacionamento que Cristo almeja, e podemos até dizer demanda de nós. Da mesma forma que um casamento não é formado por duas pessoas que gostam uma da outra, mas resolvem morar em casas separadas, só se vendo de vez em quando; a união de uma pessoa com Cristo não pode ser um relacionamento onde o ser humano vive sua vida separada de Cristo, mas ainda com esperanças de reivindicar todos os benefícios.

            Na área de horticultura existe um processo chamado de enxertadura. Neste processo um galho (ramo) de uma árvore é enxertado em um tronco de outra, após o qual toma sua vida da árvore na qual foi enxertado. Este ramo não tem mais vida própria, todavia depende do tronco no qual foi enxertado. Importante é reconhecer que o galho não somente depende do tronco para sua sustentação, mas assume as qualidades do tronco também.

            O crente preciso lembrar-se que não foi Cristo que foi enxertado nele, mas ele que foi enxertado em Cristo. Desta forma o galho, o crente, depende totalmente de Cristo para sua sustentação espiritual, ou em outras palavras não pode viver a vida espiritual sem que permaneça no tronco. "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam." (João 15:5-6)

            Esta fusão deve acontecer de tal forma que quando alguém contempla um crente em tudo que ele é, deve na realidade enxergar as qualidades de Cristo em quem vive e permanece. É triste, mas tão frequentemente o crente demonstra a velha natureza, a natureza pecaminosa, da qual supostamente é liberto, sendo transformado á semelhança do Cristo no qual vive, tendo assimilado a natureza do tronco no qual foi enxertado.

            João Batista teve, pelo menos, uma ideia pequena de como isto precisa acontecer quando declarou: "Convém que ele cresça e que eu diminua." (João 3:30)

            Paulo teve também uma profunda revelação desta vida nova em Cristo, esta enxertadura que produz uma ceifa de obras novas, não carnais, mais espirituais: "... logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim." (Gálatas 2:20)

            A fusão é normalmente feito a base do fogo e do calor; por exemplo, a solda. Também há o derretimento de duas ou mais substâncias à forma líquida, que após a mistura se torna uma substância nova. No caso de nós e Cristo, a vida dele deve de ser sempre predominante, de modo que nós aparecemos como Ele e não como a antiga pessoa carnal que éramos. É por isso que necessitamos tanto o fogo do Espírito Santo.

            Esta união intima com Cristo é a única maneira para produzir fruto agradável a Deus; fruto que permanecerá, que nos dará uma recompensa duradoura na vida vindoura.

Philip D. Walmer