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A Professora

 

Para eu galgar a montanha,

Oh! que renúncia tamanha

Foi a tua, mãe querida!

Preferistes, quantas vezes,

O desprezo, a insensatez,

Para ver-me enaltecida.

 

Pois em casa, maltrapilha,

Tu, beijando tua filha,

Sim, não podias sair.

Gastaste todo o dinheiro!

E o meu traje? Era o primeiro,

Belo, caro, a reluzir!

 

Como esquecer a poesia,

Ó mamãe, daquele dia,

Na festa de formatura.

Por que negar? Fui chorando,

Meu caminho palmilhando,

Todo cheio de amargura.

 

A pobreza te rodeava.

Tu te fazias de escrava,

Humilhava a trabalhar.

Qual a mãe de Miguel Couto.

Com o vestido tão roto,

Lindas vestes a lavar.

 

Assim te mostras princesa,

Do teu amor a grandeza,

Que sobe às raias da glória.

Alcançando o magistério,

Farei dele o meu saltério,

Para louvar a tua história!