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O Segredo De Dar Com Alegria

 

            Natal - O tempo de dar e receber presentes - está aqui novamente. Olhando para o co­mércio que caracteriza estes dias de fes­ta, eu me pergunto se a Bíblia tem algu­ma coisa à falar a respeito de presentes e de dar que poderia ser-nos útil.

            Quando comecei a procurar, achei uma porção no Sermão da Montanha. Se estivermos no templo, disse Jesus, no ato de oferecer um presente a Deus, e nos lembrarmos que um amigo tem uma coi­sa contra nós, devemos adiar a entrega do presente. Devemos ir e reconciliar-nos com o nosso amigo e então voltar e ofe­recer o presente a Deus; só assim Ele re­ceberá nossa oferta e nos abençoará. O relacionamento está em primeiro lugar. Ele parece estar dizendo que os presen­tes estão em segundo lugar.

            Será que esta ordem se aplica a toda maneira de dar presentes, me per­guntem, ou só aos presentes que são da­dos a Deus? Com esta pergunta na minha mente, voltei a ler várias passagens das Escrituras, e fiquei surpresa, primeiro, ao ver como se menciona frequentemente na Bíblia, o dar presentes. E segundo, como em cada caso o presente é simbólico duma relação, boa ou ruim. Rebeca aceita presentes de jóias e roupa, simbolizando a sua aceitação de Isaque como seu esposo. Jacó tenta dar de presente animais ao seu irmão que tinha enganado, mas Esaú rejeita. Mais tarde, Jacó demonstra o favoritismo para com um de seus filhos ao dar um presente de uma túnica de várias cores, criando assim um sentimento de ciúmes entre seus irmãos. Os magos do Oriente trouxeram presentes para um menino - ouro com o que reconhe­cem seu Rei, incenso seu Deus, e mirra seu Redentor.

            Não deveria-nos surpreender que o fato pessoa-pessoa é importante. O Reino de Deus é o reino de relacionamentos certos. Isso é o que importa a Ele.

            Quando o relacionamento é certo, que precioso o presente se torna. Eu me lem­bro o outono que meu pai passou semanas fazendo o meu presente de Natal - uma caminha de bonecas, uma cômoda, e um armário de louças de brinquedo. Até hoje eu posso fechar meus olhos e ver os móveis em miniatura, pintados de branco e com maçaneta nas gavetas e guarda-louça com vidro nas portas. Mas certamente a razão da qual me lembro tanto e em detalhes é porque o presente mostrou a relação pai-fïlha por trás desse ato. Os móveis feitos por ele diziam, "Eu te amo, você é importante para mim, tanto que valeu o meu esforço e o meu tempo que tive para fazer o presente."

            Tais presentes são expressões espontâneas de um amor desinteressado. Mas, podemos dizer o mesmo daqueles presentes que damos no tempo de Natal? Não é ver­dade que as vezes usamos o presente para esconder um relacionamento defeituoso? Ou - ainda mais comum- não é a nossa atitude as vezes: "estou te dando este presente porque é o meu dever (porque você está esperando, ou porque certamente me darás alguma coisa e devo dar-te outra em troca, ou porque não sei simplesmente parar com esta troca de presentes)"?

            Talvez neste Natal devemos todos nós examinar a nossa lista de presentes e ver se algum encaixa nesta categoria. Se é assim, por que não tentar o experimento de aplicar a prioridade de Jesus nesta situação: Primeiro te reconcilia com teu irmão, de­pois oferece o presente.

            Podemos tentar só com uma pessoa. Quando olhamos a nossa lista, há alguém pelo qual temos invariavelmente dificuldade de encontrar um presente? Há alguém que ressentimos ao fazer compras para ele? Alguém com quem nos sentimos inconfortáveis, não importando o que damos para ele? Essas podem ser coisas que nos mostram que o relacionamento precisa ser consertado.

            Uma vez que temos selecionado uma pessoa, o próximo passo é de­dicar tem­po cada dia para pensar e orar acer­ca do rela­cionamen­to. A pes­soa é um vizinho ou um colega? Talvez nunca tivemos realmente focado nele como um ser humano. Não temos nos preocupados o suficiente para até procurar suas necessidades e preferências. A resposta aqui poderia ser um encontro para um almoço, uma visita ao seu lar, ou meia hora de uma conversa real. Será que algum ressenti­mento não reconhecido jaz entre nós e algum membro da família? A cura poderia tomar a forma de uma car­ta, um encontro face a face, ou simplesmente um ato interno de confissão.

            Qualquer que seja o relacionamento que esco­lhemos para trabalhá-lo e qualquer os passos que to­mamos para melhorá-lo, devemos esperar até que es­tejamos satisfeitos de que este é tanto a conclusão da maneira pretendida por Deus quanto podemos fazê-lo. Somente então devemos proceder com o item secundário de selecionar um presente. O preço da etiqueta não impor­ta, como nosso presente faz o que todos os presentes faz - ele reflete transparente o amor.

            Quando damos com este espírito, nós estamos verdadeiramente preparan­do-nos para o Natal quando o Amor mes­mo veio à terra. Então junto com os Ma­gos de Oriente, nós também podemos nos ajoelhar no Seu berço e dar graças pelo maior presente de todos.