>
 

A Alegria Que Não Se Esquece

Introdução: Esta peça é para ser feita no Dia dos Pais. 

Personagens:

            Silvio e Osmar - irmãos

            Francisco - amigo

            Raul - menino rico

            Candido e Romélio - dois velhos

Cenário: Uma rua qualquer

 Silvio, Osmar e Francisco, modestamente vestidos, jogam bolitas e conversam, Raul, muito bem vestido, denotando riqueza, acompanha, um pouco retirado, o jogo e a conversa dos três. Os dois velhos estão em segundo plano e apreciam a cena.

 Silvio: (contando a Francisco, enquanto joga uma bolita) De papai ganhamos, ontem, seis partidas. Que jogada!

Osmar: Depois nós três fomos dar uma longa caminhada.

Francisco: Quem não tem carro, anda a pé, (rindo e mostrando a solas dos pés) eu tenho até cicatrizes...

Silvio: Nem todos nasceram ricos, somos pobres mas felizes.

Osmar: Pobreza não é defeito, diz o provérbio a bom som...

Francisco: Também, é a única coisa, que dela se diz de bom,

Sílvio: Ninguém duvida que um rico, mais feliz que um pobre seja, deve ser muito agradável ter tudo o que se deseja.

Osmar: Imaginam ter um iate e aos domingos velejar...

Franscisco: Ou então um cadilac para as aulas frequentar.

Silvio: (apontando para Raul, discretamente ou disfarçadamente) E regiamente vestido, ter um calçado por dia...

Osmar: Meu Deus! Ao fim de três meses que vasta sapataria...

Francisco: Empada de camarão ter para sempre para o jantar...

Silvio: Tomar sorvete ao almoço, refrigerante a fartar. (As últimas palavras de Silvio, Raul se aproxima e toma parte na conversa.)

Raul: Tenho tudo o que disseram e não sou muito feliz...

Francisco: Mentiroso!

Osmar: Pretencioso!

Silvio: Olha aqui pro meu nariz!

Osmar: (persistente e incrédulo) Tens um iate?

Raul: (Sem pretensão, apenas afirmando) Tenho, sim.

Francisco: (ar de pouco caso) E um cadilac.

Raul: (Como antes) Também.

Sílvio: Vá dizendo.... Vá dizendo... que é mais que você tem?

Raul: (Com simplicidade) Tenho tanto como nunca vocês juntos terão.

Osmar: (Apontando com o polegar para Raul e dirigindo-se aos colegas.) Diverte-se a nossa custa...

Francisco: (persistente para Raul) Cai fora, cai! Bobalhão!

Raul: (imperturbável) Creiam. É assim como eu disse, e mal sabem vocês três a inveja que me vai na alma da pobreza de vocês. Daria tudo que eu tenho, carros, casas, iate até pela ventura de um mdia passear com meu pai a pé...

Silvio: Eu não entendo mais nada.

Osmar: Não vê que ele está amangar?

Francisco: E porque você não pede ao seu pai para passear?

Osmar: Porque não faz como nós?

Silvio: Sim! Porque você não vai passear e brincar com ele?

Raul: (Suspira, olha para os três e diz com a mesma calma) Porque eu já não tenho pai. (Afasta-se lentamente com as mãos às costas e cabeça baixa dando, de leve, um pontapé em imaginárias pedras. Não dá a impressão de zangado apenas triste.) Na existência dos humanos da lembrança nunca sai a alegria de, na infância, ter brincado com o pai. (Enquanto Raul diz estas palavras, Osmar e Silvio combinam algo entre si e depois chamam Francisco. Todos concordam e se aproximam de Raul.)

Silvio e Osmar: Nós lhe emprestamos o nosso para brincar, você quer?

Francisco: Eu também lhe empresto o meu, pode vir quando quizer....

Raul: (sorrindo) Não, não, muito obrigado um pai é de quem o tem; não se compra, não e não se empresta a ninguém (sai lentamente).

Francisco: Que pobre menino rico!

Silvio: Puxa mano! Ouviu, rapaz? Entre ter um pai e não ter a diferença que faz.

Osmar: Isto nunca me ocorrera...

Francisco: Nem nunca ocorrera a mim que um pai fizesse tal falta ou fosse importante assim...(os meninos voltam a brincar. Os dois velhos aproximam-se da cena. Os meninos não os vêem, porém, nem os ouvem estão muito entretido.)

Cândido: Tudo me roubaram os anos, só ficou lembrança de com papai ter brincado nos meus tempos de criança.

Romélio: Na verdade, aos que na infância, brincaram com seus papais, ninguém roubará a alegria que não se esquece jamais.