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Cada Um No Seu OfĂ­cio...

Era uma vez um homem bastante convencido. Sempre achava que trabalhava demais e que a mulher nada fazia.

- Trabalho de casa? Pensava. Coisa à toa. Nada mais fácil, nada mais suave. Ele sim! Que labuta!

No tempo da colheita, voltava do campo xingando. Clamava contra o sol, contra o calor, contra a poeira, contra o vento!...

- Querido, disse-lhe um dia a mulher, não fique tão nervoso. Amanhã trocaremos o serviço. Vou fazer a colheita e você tomará conta da casa.

O marido achou a idéia mais maravilhosa. Como havia de descansar. Nada de sol, nada de poeira, nada de esforço!

No dia seguinte, a mulher a foice, mal nasceu o sol. O marido, em casa, não cabia em si de contente. Que iria fazer?

- Ah! pensou. Devo fazer a manteiga para o jantar. Colocou o creme na batedeira e começou a batê-lo. Bateu  um pouco e sentiu sede. Deixou a manteiga e foi ao porão onde estava o barril de refresco. Desarrolhou-o.

Foi quando ouviu o barulho na cozinha. Subiu as escadas num minuto. O porco já tinha focinhado na manteiga. Andava de um lado para o outro grunhindo no meio do creme que escorria pelo chão.

O homem ficou tão zangado que até se esqueceu do refresco. Correu atrás do porco. Pegou-o e deu-lhe uma grande surra. Quase o deixou morto. Percebeu, então que segurava a rolha...

Correu de novo para a adega. Viu o barril e o refresco que se espalhava pelo chão.

O tempo voava. O sol já ia alto... e nada de manteiga. O homem voltou desanimado para a cozinha. Ainda havia creme no pote. Creme suficiente para a manteiga. Começou a batê-la.

Nisto lembrou-se da vaca. Pobrezinha! Ainda estava no curral. Nada havia comido nem bebido desde cedo! Devia levá-la no pasto. Mas o pasto estava longe. Melhor seria colocá-la no telhado, porque a casa era coberta de capim. Em alguns lugares o capim brotava, bem verdinho, formando enormes tufos.

- Mas como levar a vaca? Fazê-la subir?

A casa estava encostada num barranco. Era só pôr uma tábua unindo a casa ao morro. Ele assim o fez. A vaca passou facilmente para o telhado.

- E a batedeira no chão? pensou: Era um perigo, pois o fihinho estava engatinhando. Poderia virá-la e machucar-se. Desceu depressa. Pôs a batedeira às costas e saiu. Nesse momento lembrou-se que precisava dar água à vaca. Pegou o balde e foi até o poço. Esqueceu-se da batedeira nas costas. Inclinou-se e todo o creme escorreu, esparramando-se em seus ombros, em sua roupa, em suas mãos.

Era quase hora do jantar e nada de manteiga! O homem achou melhor esquentar a água para a sopa. Tomou do caldeirão e colocou-o no fogo.

- E a vaca? pensou. Que perigo! Ela podia cair do telhado e quebrar as pernas.

Não vacilou. Correu onde ela estava. Prendeu-a com uma corda, amarrando-a pelo pescoço. Passou a outra ponta por dentro da chaminé e prendeu-a ao próprio corpo.

Nessa hora já fervia a água. Ele devia apressar-se para socar o milho. Afastou-se um pouco, para perto do moinho. Nisto a vaca, não se sabe como, escorregou do telhado e bateu no chão. Na queda, puxou a corda e o marido lá se foi, pelos ares. Mal teve tempo de se agarrar à borda da chaminé. A pobre da vaca ficou em meio caminho, nem no chão, nem no telhado.

A mulher, no campo, esperava pelo marido. Que ele a chamasse para o jantar. Esperou, esperou, esperou. Voltou para casa. O que viu deixou-a muito espantada!

O saco de milho aberto e as galinhas comendo-o sem parar.

Mais adiante, a vaca dependurada, meio palmo de língua para fora. Não teve dúvida; rapidamente cortou a corda que a prendia, com a foice. Com a corda frouxa, o marido escorregou na cozinha. Encontrou-o de pernas para o ar, a cabeça no caldeirão.

- Muito bem, disse ela, passando os olhos pela casa em desordem. Restos de creme pelo assoalho, refresco esparramado, o bebê lambuzado, o porco na cozinha... o marido no caldeirão...

- Não haverá amanhã, minha cara. Volto à colheita e você continua na sua casa.

Desde esse dia os dois viveram em paz, cada qual no seu lugar.

Muitas vezes você acha que o ofício de Pastor é fácil, então começa a falar mal de teu pastor, seja para que for, e você nem imagina o que tens plantado naqueles corações. E como esta história, que acabaste de ler, o pastor é o que cuida da tua saúde espiritual, e o teu ofício é ser a ovelha obediente, aquela que fará o que lhe compete. Não deve querer tomar o lugar do pastor, de teu patrão ou mesmo de alguém de tua casa. Fique em seu ofício e verás as bênçãos que procederão através de tua obediência. Falar é fácil, mas estar naquele ofício é bem diferente. Nunca esqueça destas palavras.

Se você já falou mal de um líder, ou cantor, ou mesmo um professor de Escola Dominical, mas já paraste para pensar o que ele passou e passa por causa daquele ofício? Fique cada qual em seu lugar, orando pelos dirigentes da igreja, estado e país.