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PURA, O Moço Valoroso

         Deus, em sua soberana maneira de agir, sabe como orientar elementos para concretizar seu propósito para com seus escolhidos. Pura é um exemplo. Mencionado uma única vez na Bíblia, teve, porém, um dos maiores privilégio que se possa desejar na vida, pois o Senhor dissera a Gideão: "Se ainda temes atacar, desce tu com teu moço Pura ao arraial; e ouvirás o que dizem; depois, fortalecidas as tuas mãos, descerás contra o arraial. Então, desceu ele com seu moço Pura até à vanguarda do arraial." (Juízes 7:10-11) Qualquer um não servia naquela hora: Tinha que ser Pura. Não porque fosse ele um jovem valente, algum herói de guerra, mas um guerreiro de fronte erguida que podia dizer: "Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho." (Salmos 18:32)

            O Relatório tampouco sugere que Pura tivesse um fisíco avantajado, capaz de amendrontar os midianitas. Presumimos, porém, que o temor de Deus habitava no seu coração, habilitando-o a manter sua firmeza de propósito e levando-o a profunda humildade perante Deus. Pura era, sem dúvida, dotado de grande ardor espiritual, e pela sua fidelidade, obediência, coragem, dedicação e grande interesse nas coisas de Deus, o Senhor o designou para ir com Gideão ao arraial dos midianitas.

            Os israelitas estavam enfrentando muitos problemas e dificuldades. Os midianitas, moradores da Península do Sinai, haviam-se aliado aos amalequitas, povo rude e hostil, e juntos intencionavam atacar os israelitas. E passaram a fazer isso, principalmente na época das colheitas. Nessa ocasião, os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e Deus lhes enviou primeiro um profeta, que os alertou para o fato de eles terem deixado o Deus verdadeiro e abraçado os deuses dos amorreus (Juízes 6:7-10), razão porque estavam sofrendo o que sofriam; e em segundo lugar lhes suscitou um libertador: Gideão, ao que nos parece, foi sem dúvida, entre os homens da Bíblia, o que mais desculpas apresentou para não cumprir a missão que Deus estava a lhe designar; logo, ele deveria enfrentar o poderoso exército midianita para vencê-lo.

            Durante algum tempo, o coração de Gideão tremeu a contemplar o acampamento dos medianitas; vacilou-lhe a fé; temor e tremor lhe sobrevieram, e o oprimiu o terror; multiplicava-se diante dele os perigos; porém, quando Deus chama alguém para sua obra, ele mesmo envia essa pessoa e cuida dela.

            Quão diferente se observa hoje, quando muitos por aí se rotulam de missionários, pastor, evangelista, profeta, etc, sem a chamada divina (mas influenciado), e sem orde­nação, direção, experiência, preparo espiritual e cultu­ral!

            Muitos, com a vida irregular, saem ao campo e logo co­lhem o fruto do seu desvario quando descobrem que o seu próprio coração os enganara. Tais pessoas, terminadas as razões de sua influência, são vencidas por letargia pro­funda e se deixam absorver pelo indiferentismo espiri­tual; brigam por posição, e até por dinheiro brigam, e quando não conseguem o que desejam, abandonam o trabalho do Senhor, dividem-no, e ainda por cima culpam os outros pelos seus fracassos. "O culpado é o pastor, que não  me deu condições de trabalhar condignamente", dizem.

            É importante, porém, quando honramos o nome do Senhor, e quando o temos como dono de nossa vida, deixarmos que Ele nos use da maneira como melhor lhe agradar, no que ele quiser, onde ele quiser e quando ele quiser. O texto bíblico prossegue: Então, desceu ele [Gideão]com seu moço Pura até à vanguarda do arraial."

            Nessa ocasião em que Gideão tanto necessitava da sim­patia e conselho de um verdadeiro amigo, Deus lhe enviou Pura que logo se tornou o amigo de maior confiança e um valioso apoio para Gideão. Sua brandura, prudência e pre­sente serviu de complemento à coragem de Gideão. As qua­lidades de Pura devem servir de modelo para os que coope­ram na Obra do Senhor, pois além do seu grande valor es­piritual, elas serão muito úteis na vida de qualquer crente.

 

O Jovem Prudente

            Pura não adiantou-se, não foi além do ponto que Gideão lhe ordenara que fosse. Não foi sozinho, por sua própria conta, mas desceu corajosamente ao arraial dos midianitas com Gideão. Ele possuía urn profundo sentimento de respei­to à autoridade espiritual de seu líder. Pura era, tam­bém, um moço de visão. Quantos problemas na igreja seriam evitados se os "Puras" de hoje tivessem o mesmo espírito daquele jovem servo de Deus, mesmo que por isso lhes cus­tassem ser acusados de possuírem métodos de conduta antiquados, e de seram "quadrados" ou de não terem o espírito desta época.

            "Chegando, pois, Gideão, eis que certo homem estava contando um sonho ao seu companheiro e disse: Tive um sonho. Eis que um pão de cevada rodava contra o arraial dos midianitas e deu de encontro à tenda do comandante, de maneira que esta caiu, e se virou de cima para baixo, e ficou assim estendida. Respondeu-lhe o companheiro e disse: Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão, filho de Joás, homem israelita. Nas mãos dele entregou Deus os midianitas e todo este arraial.." (Juízes 7:13-14)

            Tal fato produziu tanta coragem em Gideão que ele adorou imediamente ao Senhor, e voltando para o acampamento, disse aos seus 300 companheiros: "Levantai-vos, porque o SENHOR entregou o arraial dos midianitas nas vossas mãos." (Juízes 7:15) Todas as suas dúvidas e temores foram anulados. Ele se fortaleceu com certeza de que o Senhor lutaria por Israel. A paz voltou à alma de Gideão, e com o espírito repousado em Deus, ele preparou-se para empreender a luta mais decisiva de sua vida. Não havia um momento sequer a perder. O pequeno exército de apenas 300 homens já estava pronto e a postos, esperando o grande momento. Todos os olhavam para Gideão.

 

"O Deus da batalha está comigo"

            É interessante notar que Deus havia chamado Gideão, porém fê-lo sentir que a obra que lhe fora confiada era muito maior do que a que ele podia realizar. Deus quis ainda mostrar a Gideão que o sucesso da guerra com os midianitas não iria depender dele estar ou não preparado para a luta, mas, unicamente, em que ele desse lugar a operação de Deus através dele. Por isso, designou-lhe apenas 300 companheiros de guerra.

            Evidentemente, Gideão não podia vencer sozinho o exército dos midianitas. Sua estratégia foi dividir em três esquadrões de cem os seus companheiros, e deu a cada um uma buzina e cântaros vazios, com tochas acessas. Cada um dos trezentos assumiu sua posição dentro do esquema preestabelecido por aquele que os comandava. O ataque foi rápido, e pouco tempo depois, todo o exército dos midia­nitas bater em retirada, gritando e fugindo. "E permaneceu cada um no seu lugar ao redor do arraial, que todo deitou a correr, e a gritar, e a fugir." (Juízes 7:21)

            Ainda hoje o Senhor requer a participação da espada de Gideão. Ele não usa anjos, mas utiliza homens dispostos a colocar tudo o que têm à disposição dos interesses de Deus na Terra. Quantas vezes nos sentimos incapazes de nos desincumbir sozinhos da responsabilidade que Deus nos tem confiado, porém nos falta a necessária simplicidade para dividir estas responsabilidades com aqueles que Deus tem colocado ao nosso redor. Consequentemente, muitos obreiros estão fazendo o trabalho de dez quando poderiam pôr dez pessoas a trabalhar, e assim não sacrificariam os interesses do rebanho do Senhor.

 

Seja um Pura em sua Igreja

            Feliz é o pastor que é servido por moços como Pura, que os acompanham quando sofrem situações de tensão e in­tranquilidade. Nessas ocasiões, quão bom é para o Obreiro ouvir a suave voz de Deus dizendo-lhe: "Desce tu com teu moço Pura..." Você é um Pura em sua igreja, ou é daqueles que trazem propostas ou criam situações que resultam em contendas ou desunião entre o rebanho e os líderes da igreja? A Igreja de hoje precisa de moços como Pura, moços que se disponham a ir ao acampamento com Gideão. Com es­tes venceremos a batalha.

            Que Deus seja glorificado em levantar muitos Puras, tornando-os valorosos auxiliares de nossos pastores, não só no Brasil, mas também em todo o mundo.