>
 

O Relacionamento

            Qualquer relacionamento bom, estável e sucedido tem que ser um caminho de duas vias. Ambas as partes no relacionamento têm que contribuir algo positivo, senão ele está destinado ao fracasso mais cedo ou mais tarde. Isto é a verdade no relacionamento empregatício. O funcionário tem que entender que sua presença é legalmente esperada todos os dias no local do trabalho, na hora certa, que permaneça até o fim do expediente e que seja produtivo no trabalho pelo qual foi empregado. Do empregador, o funcionário espera um ambiente adequado no qual pode trabalhar, que as ferramentas e equipamentos necessários estejam a sua disposição e em condições de funcionamento, que a matéria prima esteja a sua disposição, entre outras considerações.

            Algo semelhante é esperado no casamento. Até a Palavra de Deus delineia os deveres de cada um neste relacionamento. Milhões são gastos todos os anos com psicólogos, psiquiatras e conselheiros familiares. Posso dizer que isto é sem necessidade quando um simples estudo da Palavra de Deus e a adoção dos seus princípios poderiam resolver o caso. E, é claro que ambas as partes da união precisam fazer sua parte.

            Pessoas frequentemente reclamam que algo falta no relacionamento do humano com o divino, isto é, o ser humano com Deus. Um problema se torna óbvio a qualquer observador sincero, e este é que muitos acham que Deus tem um compromisso irrevogável com o homem para suprir todas as suas necessidades e que o homem não tem nenhuma obrigação com Deus. Mas, as regras que se aplica ao relacionamento empregatício e conjugal aplicam-se também ao relacionamento do homem com seu Deus; sim, seu Deus.

            Todos se alegram com as promessas da Palavra de Deus. Uma passagem que traz gozo, alegria, esperança e um sentimento de bem estar é de Salmos 23. "O Senhor é o meu pastor: nada me faltará." É de pensar que Deus está comprometido com eles apesar do estilo de vida que levam. É válido, no entanto, ver quais são as responsabilidades da ovelha, e Davi se considerava como ovelha do Senhor:

  • A ovelha não podia escolher onde iria pastar cada dia, pois o pastor a levava para onde ele achava melhor.
  • A ovelha não podia escolher onde iria beber.
  • A ovelha tinha que se submeter a correção do pastor quando desobedecia as regras do pastor, tal como ficar com o rebanho e não sair por seu próprio caminho.
  • Para o seu bem a ovelha seria guardada presa todas as noites no aprisco.
  • Ao sair pela manhã precisava seguir o seu pastor, que exigia que reconhecesse a voz dele e não sair após outro que também chamava suas ovelhas.
  • A ovelha caminhava seguindo o pastor, não indo pela frente e deitava quando ordenado pelo pastor.
  • Era uma vida de total submissão ao pastor, mas a recompensa era que todas as suas necessidades seriam supridas.

            Nas suas palavras de despedida Jesus disse, entre outras coisas: "... eis que estou convosco todos os dias ..." (Mateus 28:20)

  • Estes discípulos foram prometidos a presença contínua do Senhor nas suas vidas.
  • Foi prometido a plenitude do Espírito Santo com seu poder para operar milagres, pregar e ensinar a Palavra, enquanto evangelizavam o mundo.
  • Teriam que ir para o mundo inteiro para cumprir a ordem do Senhor, abandonando pais e famílias para poder agradar a quem lhes chamou.
  • Entenderam que teriam de sofrer perseguições, que seriam encarcerados, açoitados e até mortos.
  • Entenderam que teriam de ficar separados exclusivamente para Deus e Seu serviço, ou em outras palavras assumiram um compromisso com Deus.
  • Eram compromissos sérios que abraçaram para poder reivindicar as promessas.

            Encontramos outra promessa gloriosa em Filipenses 4:19 que enche de esperança: "Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus." Ah! Que maravilha! Deus simplesmente suprirá todas as minhas necessidades. Pode ser, mas como ilustrei acima há um compromisso da parte de quem quer receber estes benefícios.

            Quando Paulo, que escreveu estas palavras quase no final do seu ministério, o fez de experiência própria. No entanto, desde o dia que recebeu a chamada de Deus na estrada para Damasco, ele entendeu que preço teria de pagar para aproveitar esta promessa. Veja: "... pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome." (Atos 9:16) Paulo mais tarde disse que abandonou tudo que era de uma vida lucrativa para ele, considerando tudo estava por ganhar com refugo para poder ganhar a excelência de Cristo.

            Vejo que um problema hoje entre cristãos e supostos cristãos é que querem reivindicar tudo que de Deus que é lucrativo para eles sem, portanto, assumir qualquer compromisso com Deus. Veja agora tudo que Paulo sofreu para poder reivindicar as promessas de Deus: "... em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida; em perigo de morte muitas vezes; dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, um vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez..." (II Coríntios 11: 23-27)

            Sim, Paulo não somente deu a todos nós uma gloriosa promessa, mas exemplificou o que é necessário para receber o seu cumprimento. Cabe a cada um de nós determinarmos se estamos prontos pagar o preço para receber o cumprimento das promessas em nossas vidas. Sim, este relacionamento é um caminho de duas vias. Deus cumprirá sua parte a medida que cumprimos a nossa parte. Jesus disse que cada um que vai construir precisa calcular o custo antes para não passar vergonha depois. Como é com você? Calculou o preço? Está comprometido para a vida toda? Vai a distância com Deus ou já está pensando em abandonar o barco de salvação porque o preço é alto demais? Ninguém pode determinar isto por você da mesma forma que ninguém poderia determinar por Judas, Demas, e outros que abandonaram o Caminho. Da mesma forma ninguém determinou pelos apóstolos, Paulo, Silas, Timóteo, João Marcos e outros. Nem pai, mãe, pastor, evangelista, professor bíblico ou outro para decidir por você. É uma decisão individual. Mas torço que decida em favor de Deus apesar das consequências, pois uma coroa de vida eterna espera todos que são fiéis até o fim. Dá a Deus e Ele lhe dará a plenitude das suas promessas. Não esqueça que este relacionamento é um caminho de duas vias, mas conseguindo chegar ao fim com sua fé intacta resultará numa coroa de vida eterna.

Philip D. Walmer