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O Simbolismo da Arca de NoƩ - III

Parte III

 

            "Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por fora. Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento; de cinquenta, a largura; e a altura, de trinta. Farás ao seu redor uma abertura de um côvado de altura; a porta da arca colocarás lateralmente; farás pavimentos na arca: um em baixo, um segundo e um terceiro." (Gênesis 6:14-16)

            Como escrevi anteriormente, Deus era o arquiteto da arca e a planta dela era, portanto, perfeita, pois tudo que Deus faz é perfeito. A palavra notável no final de cada dia de criação era: "E viu Deus que era bom." (Gênesis 1:18)

            Deus determinou que fosse necessário que a arca tivesse três pisos. Não foi uma ideia de Noé, mas a determinação de Deus. Quero que você imagine Noé começando reclamar: "Mas, Deus, três pavimentos? Não acho que está querendo demais? Por que três pavimentos? Um não basta, não? É muito trabalhoso, Deus. Vai levar anos para cortar as árvores, cortar em tábuas e as deixar secar. Acho que o Senhor deve repensar este plano." Bem, isto não aconteceu, pois Noé era um homem temente a Deus, e obediente a Ele. Resultado? Salvou a si mesmo, sua família e os animais selecionados por Deus.

            O Antigo Testamento está repleto de símbolos, sombras e tipos de como seria o plano de Deus para salvação na era do Novo Testamento. No Dia de Pentecostes, após ser cheio com o Espírito Santo, Pedro foi ungido por este mesmo Espírito para delinear o plano de Deus para a salvação para a multidão que indagou o que era necessário fazer para se livrar da culpa de ter condenado Jesus à morte. Pedro deu justamente três passos distintos que devem ser seguidos: Arrepender-se, ser batizado nas águas para remissão dos pecados, e receber o Espírito Santo. Nestes tempos modernos, muitos estão querendo fazer uma arca para sua salvação de apenas um ou dois pavimentos. Não é surpresa para mim que alguns discordam com a mensagem de Pedro, mas a mesma coisa foi revelada para Paulo, absolutamente sem a influência de Pedro e os demais discípulos. "Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo." (Gálatas 1:11-12)

            Em I Coríntios 15:1-4 Paulo define o Evangelho: "Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." O Evangelho é, então, a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Isto em nada difere daquilo que Pedro falou: Arrependimento (morte ao pecado), Batismo nas águas por imersão (sepultamento do homem natural morto ao pecado), Recebimento do Espírito Santo (ressurreição para uma vida nova). "Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo e para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. (Atos 2:37-38) Vamos examinar mais profundamente estes três passos em relação à experiência inicial de salvação, percorrendo pelas Sagradas Escrituras.

            Arrependimento: O arrependimento é amplamente ensinado na Bíblia, começando em Gênesis e terminando com pelo menos doze referências em Apocalipse. João Batista pregava o arrependimento: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus." (Mateus 3:2) Jesus pregava o arrependimento: "... se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis." (Lucas 13:3) Os doze apóstolos de Jesus seguindo o exemplo de seu mestre também ensinaram o arrependimento: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados," (Atos 3:19) As sete igrejas, sim, igrejas da Ásia no livro de Apocalipse receberam uma mensagem as alertando para se arrepender: Apocalipse 2:5, 2:16, 2:21-22, 3:3 e 3:19. No capítulo 16 de Apocalipse a Bíblia relata o derramamento de sete flagelos sobre o mundo não arrependido. No versículo onze mostra como nem a dura punição pelos pecados faz o homem se arrepender, pois é insistente em sua rebelião contra Deus. "... blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras." (Apocalipse 16:11) Por não se arrepender o capitulo vinte mostra o que será o fim destes, como nem os moradores da terra na era de Noé. O capítulo vinte e um mostra o destino maravilhoso dos que seguiram o plano de Deus para salvação.

            Batismo nas Águas: O batismo nas águas foi praticado pelos judeus deste o Antigo Testamento no caso de prosélitos a sua fé. João Batista veio pregando arrependimento e o batismo nas águas. Jesus não somente foi batizado para servir como exemplo (jamais teve pecado e por isso não necessitava do batismo para remissão de pecados), mas também batizava. João 4:1 relata que Jesus batizava mais discípulos do que João Batista. Alguns religiosos do dia de hoje minimiza o batismo, alegando que é apenas um ritual para fazer membros para a igreja. No entanto, Atos 2:38 ensina claramente que o batismo é para a remissão de pecados, portanto faz parte integral do plano de salvação. Ao longo da história da Igreja Primitiva no livro de Atos os apóstolos batizavam. No caso de Cornélio e os de sua casa que receberam o Espírito Santo antes de serem batizados, foram levados depois às águas batismais à insistência de Pedro que reconheceu a importância do batismo nas águas.

            Alguns ensinam erradamente que o batismo nada tem a ver com a salvação. Estes devem se perguntar por que a Bíblia por meio de João Batista, o próprio Senhor Jesus, seus discípulos/apóstolos e o grande missionário, Paulo, deram tanta ênfase ao batismo. Este versículo ajuda esclarecer este assunto, para alguns, polêmico: "... os quais em outro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água, que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo..." (II Pedro 3:20-21)

            É necessário crer no valor do batismo no plano de salvação, pois o próprio Jesus assim ensinou: "Quem crer e for batizado será salvo..." (Marcos 16:16) É necessário crer, mas o crer não é fé a não ser que haja ação baseada na fé e obediência aos ensinamentos bíblicos.

Philip D. Walmer