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Perfeita Lei da Liberdade - 1

Número 1

 

          "Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar." (Tiago 1:25)

          Considerando a mentalidade religiosa no mundo no dia de hoje, falar em lei e liberdade na mesma frase é considerado como incompatível com a realidade, uma contradição e uma contraversão. Está sendo descartada toda e qualquer regra de comportamento bíblico. Ouve-se hoje a recomendação que "não pode julgar". Quando não são as organizações religiosas que descartam as regras de comportamento (santidade) estabelecidas por Deus, é a rebelião desenfreada dos membros contra qualquer tentativa de estabelecer normas de comportamento aceitáveis a Deus.

          Muito se ouve falar acerca da "graça" de Deus, pela qual somos endividados a Deus, pois se não fosse sua graça, não haveria absolutamente nenhuma chance de salvação do ser humano, pois: "Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos." (Romanos 3:10-18) Considerando que o estado do ser humano era e é assim, era absolutamente necessário que Deus demonstrasse graça à Sua criação... o homem.

          Talvez seja bom definir a palavra graça, pois parece que alguns parecem considerar a graça como uma espécie de licença para cometer injustiça, viver a vontade, participar do pecado, regalar-se em delitos que agradam à carne, entre outras coisas semelhantes, e que eventualmente a graça de Deus irá encobrir tudo e que nada que comete em termos não aceitáveis a Deus será totalmente ignorado por Ele, fazendo com que jamais haverá um perdido ou um condenado ao inferno por causa do seu comportamento. A graça é: favor que se concede a um inferior; mercê. Benefício concedido por Deus a um fiel. Auxílio sobrenatural que Deus concede aos homens que os torna capazes de cumprir a vontade divina e alcançar a salvação. Estado em que não tem pecado*. Nota bem que a graça é um auxílio que vem de Deus, que Deus concede aos homens a fim de que eles sejam capazes de cumprir o que é a vontade de Dele. Isto é, Deus dá graça, que auxilia os homens para se comportarem de tal maneira (obedecer às leis e regras que Deus estabelecer para poder ser salvos) para agradar a Deus ao ponto de serem considerados dignos de salvação. Não, não estou falando de salvação pelas obras, mas apenas estabelecendo o fato que há certas requisitos que Deus estabeleceu para que o homem seja salvo.

          O apóstolo Paulo tratou o assunto de graça em Romanos 6:1-2 com estas perguntas: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, a nós os que para ele morremos?" Paulo falou categoricamente que uma pessoa arrependida, morta ao pecado, liberta do pecado não anda mais cometendo pecado, pois realmente morreu para a vida anterior. Veja a definição da palavra arrependimento: Pesar, lamentação pelo mal cometido, compunção, e contrição. Negação ou desistência de algo feito ou pensado em tempos passados.*

          Jamais foi a vontade de Deus que o homem ou mulher continuasse no seu estado pecaminoso. Exemplo: Uma mulher foi trazida a Jesus tendo sido apanhado no ato de adultério. Ela estava sendo arrastada para fora da cidade onde ela seria sumariamente apedrejada e morta pelo pecado cometido. Estes fariseus hipócritas não queriam na realidade uma resposta de Jesus como receberam. Eles queriam apenas enredar Jesus na lei deles. Jesus ficou mudo e apenas escreveu algo na poeira aos seus pés. Um por um eles foram embora. Podemos simplesmente supor que Jesus escreveu os nomes deles um por um com um ou mais pecados cometidos por eles. Quem está sem pecado pode lançar a primeira pedra. Surpreendentemente, nenhuma pedra foi lançada. Agora vêm as palavras tremendas da boca do Salvador: "... Nem eu tampouco te condeno..." Excelente! Graças a Deus meus acusadores não mais me acusam e nem Jesus me condena. Estou livre! Livre! Livre para o que? Livre para continuar a vida anterior? Livre para continuar o relacionamento e a vida de adultério? Não! O resto da frase indica a direção que a vida deve tomar a partir daquele momento: "... vai e não peques mais".

          É a graça de Deus que nos deixou aproximar-nos a Deus, vindo em estado pecaminoso e repudiados pela santidade de Deus, mas por intermédio do arrependimento sendo perdoados e restaurados a um estado aceitável a Deus do qual não devemos nos desviar para a vida anterior. A mulher adúltera recebeu a graça de Deus, mas foi aconselhada para não voltar às atividades anteriores, para não pecar mais e assim invalidar a graça que lhe foi proporcionada. Não fomos libertados do pecado para continuar no pecado, para continuar praticando os atos repreensíveis da vida anterior. Paulo descreve a vida nova desta maneira: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." (II Coríntios 5:17) Sim, as coisas antigas, as que fizeram parte da nossa história, passaram, foram embora, e não devem ser praticadas mais.

          Por alguma razão alguns no mundo evangélico têm a ideia que uma vez libertado por Cristo jamais estarão sujeitos a alguma lei, regra de comportamento ou estilo de conduta que o separa dos demais moradores da terra. Imagine se aquela pessoa que sempre andava a pé ou de bicicleta faz os devidos cursos e finalmente sai do Departamento de Transito com Carteira de Habilitação na mão. Agora ele pode dirigir um carro. Ele pode ser livre para andar de carro, de passear e viajar. Ele pode atravessar a cidade, o estado e o país, mas se ele não reconhecer que está sujeito às leis do trânsito, vai ocorrer um desastre mais tarde ou mais cedo. Ele é obrigado obedecer toda a sinalização horizontal e vertical. Em todo lado tem placas indicando limite de velocidade, outras que indicam que é obrigatório parar, ainda outras que proíbem de parar, de entrar, de estacionar e etc. As pistas são indicadas por faixas pintadas nas ruas e rodovias. Algumas indicam que é para manter-se a direita ou à esquerda. Outras indicam que é proibido ultrapassar ou entrar na pista a sua esquerda ou direita. Se o motorista não obedece esta sinalização ampla, mais tarde ou mais cedo ocorrerá um desastre com sérios danos materiais ou até as mortes, acerca das quais ouvimos todos os dias.

          O que alguns não reconhecem são estas leis que permitem que andemos relativamente seguros pelas ruas e estradas. Imagine como seria se não houvesse sinaleiras, placas de parar, limite de velocidade, faixas no meio das pistas, a proibição de estacionar em determinados lugares e etc. Seria um caos total, e uma mortandade pelas estradas muito pior do que hoje. Ainda hoje é muito claro que a maioria dos ditos acidentes é provocada por pessoas que não obedecem às leis do trânsito.

Philip D. Walmer

*Todas as definições de palavras foram extraídas do Dicionário Houaiss