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A Sabedoria do Lenhador

Por Max Lucado

Certa feita havia um homem velho que morava num vilarejo. Apesar de ser pobre, foi cobiçado por todos, pois era dono de um belíssimo cavalo branco. Até o rei cobiçava o tesouro. Um cavalo como este nunca foi visto antes - tal seu esplendor, sua majestade, e sua força.

Pessoas ofereciam preços fabulosos pelo corcel, mas o homem velho sempre recusou as ofertas. "Este cavalo não é um cavalo para mim." ele dizia para eles. "É uma pessoa. Como eu poderia vender uma pessoa? Ele é um amigo, não uma possessão. Como eu poderia vender um amigo?" O homem era pobre e a tentação foi grande, Mas, ele nunca vendeu o cavalo.

Um dia pela manhã ele descobriu que o cavalo não estava no estábulo. Todos da vila vieram para vê-lo. "O, tolo velho," eles zombavam, "nós lhe falamos que alguém roubaria seu cavalo. Advertimos você que seria roubado. Você é tão pobre. Como poderia esperar proteger um animal tão valoroso? Teria sido muito melhor tê-lo vendido. Podia ter cobrado qualquer preço que quisesse. Nenhuma quantia teria sido demasiadamente cara. Agora o cavalo está sumido e você tem sido amaldiçoado com este infortúnio.

O homem respondeu. "Não fala demasiadamente depressa. Diga somente que o cavalo não está no estábulo. É somente isto que sabemos; o resto é apenas opinião. Se eu fui amaldiçoado ou não, como podem saber? Como é que vocês podem julgar?"

O povo contestou, "Não nos considera como tolos! Podemos não ser filósofos, mas não precisamos grande filosofia. O fato simples é que seu cavalo sumiu é uma maldição.

O homem falou novamente. "Tudo que sei é que o estábulo está vazio, e o cavalo sumiu. O resto não eu não sei. Se é uma maldição ou não, não posso dizer. Tudo isto é um fragmento. Quem pode dizer o que há de vir próximo?"

O povo da vila riu. Eles pensaram que o homem estava louco. Eles sempre pensaram que ele era um tolo, pois se não fosse louco, teria vendido o cavalo e vivido do dinheiro. Mas em vez disto. Era um pobre lenhador, um homem velho cortando lenha, arrastando-a da floresta para vender. Ele vivia precariamente na miséria da sua pobreza. Agora ele tinha provado que era, de fato, um tolo.

Depois de quinze dias, o cavalo retornou. Ele não foi roubado; mas fugiu para a floresta. Ele não somente retornou, mas trouxe uma dúzia de cavalos selvagens com ele. Mais uma vez o povo da vila se juntou em volta do lenhador e falou. "Homem velho, você estava certo e nós errados. O que nós pensamos ser uma maldição foi uma bênção. Por favor, perdoa-nos.

O homem respondeu, "Mais uma vez foram longe demais. Declara somente que o cavalo retornou. Declaro somente que uma dúzia de cavalos retornou com ele, mas não julgam. Como podem saber se é uma bênção ou não? Vocês vêem apenas um fragmento. A não ser que conhecem toda a história, como podem julgar? Vocês leram apenas uma página do livro. Podem julgar o livro inteiro? Vocês leram apenas uma palavra da frase. Como podem entender a frase toda?"

"A vida é tão vasta, e vocês ainda julgam a vida de uma página, ou de uma palavra. Vocês têm somente um fragmento. Não digam que isto é uma bênção. Ninguém sabe. Estou contente com tudo que sei. Eu não estou perturbado por aquilo que não sei."

"Talvez o homem velho esteja certo," disseram uns aos outros. Portanto, eles disseram pouco. Mas no fundo do íntimo, eles sabiam que ele estava errado. Eles sabiam que era uma bênção. Doze cavalos selvagens tinham voltados com um cavalo. Com um pouco de trabalho, estes animais poderiam ser domado, treinados e vendidos por muito dinheiro.

O homem velho tinha um filho, um único filho. O Jovem começou domesticar os cavalos. Depois de poucos dias, ele caiu de um dos cavalos e quebrou ambas as pernas. Mais uma vez os moradores da vila se reuniram em volta do homem velho e lançaram seu juízo.

"Você estava certo," eles disseram. "Você provou que estava certo. Aquela dúzia de cavalos não forma uma bênção. Eles formam uma maldição. Seu único filho quebrou ambas a pernas, e agora na sua velhice não tem ninguém para lhe ajudar. Agora você é mais pobre do que nunca.

O homem velho falou novamente. "Vocês estão obcecados com o julgar. Não vai, assim, tão longe. Digam somente que meu filho quebrou suas pernas. Quem sabe se é uma bênção ou uma maldição? Ninguém sabe. Temos somente um fragmento. A vida vem em fragmentos.

Aconteceu poucas semanas depois que a nação se envolveu em guerra com um pais vizinho. Todos os homens jovens foram engajados para se juntar com o exército. Somente o filho do homem velho foi excluído, por que estava ferido. Mais uma vez o povo da vila juntou-se em volta do homem velho, chorando e lamentando em voz alta porque seus filhos foram levados. Havia poucas chances que eles voltariam. O inimigo era forte, e a guerra seria uma luta inútil. Eles nunca mais veriam seus filhos.

"Você estava certo, homem velho," eles disseram chorando. "Deus sabe que estava certo. Isto é prova. O acidente do seu filho foi uma bênção. Suas pernas foram quebradas, mas afinal de contas está com você. Nossos filhos saíram para sempre."

O homem velho falou outra vez. "É impossível falar com vocês. Vocês estão sempre chegando às conclusões. Ninguém sabe. Dizem somente isto: Seus filhos tinham que ir à guerra, e meu não. Ninguém sabe se é uma bênção ou maldição. Ninguém é sábio o suficiente para saber. Somente Deus sabe."

O homem estava certo. Temos apenas um fragmento. Os infortúnios e horrores são apenas uma página de um grande livro. Devemos ser tardios em formar conclusões. Devemos reservar o julgamento sobre as tempestades da vida até conhecer a história toda.

Não sei aonde o lenhador aprendeu toda a sua paciência. Talvez fosse de outro lenhador da Galiléia. Foi o Carpinteiro da Galiléia que disse melhor: "Por isso, não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades." (Mateus 6:34 Versão Linguagem de Hoje)

Ele deve saber, pois Ele é o Autor de nossa história. Ele já conhece o final do último capítulo.

From In The Eye Of The Storm

Copyright (Thomas Nelson, 1997) Max Lucado