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Um Governo Realmente Justo

            "Quando os justos governam o povo se alegra, mas quando o ímpio domina o povo geme." (Provérbios 29:2)

            Ao observarmos as crescentes revoltas sociais pelo mundo, onde populações criticam e protestam contra seus governantes, tais como a primavera árabe, a crise econômica e social na Europa, a violência na América Central, a desilusão norte-americana e por último os protestos pelo Brasil, damo-nos conta que o tão aclamado voto popular não tem sido a solução para todos os problemas. Em Portugal, um governo de esquerda foi tão pressionado que convocou eleições antecipadas. Um governo de direita foi eleito e em menos de 3 anos, o mesmo está sendo pressionado a convocar eleições antecipadas novamente... e esse é só um exemplo. Não há dúvidas que o povo geme pelas injustiças sociais. Onde está, então, o erro?

            O escritor de Provérbios, o rei Salomão, escreve algo óbvio, e a própria Palavra complementa que, apesar dela apresentar alguns homens que foram justos, afirma que em nosso tempo não haveria muitos homens justos. Vide as palavras de Davi em Salmos 14:3: "Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer." Vendo a atualidade, Davi continua profetizando em Salmos 53:1: "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam iniqüidade; já não há quem faça o bem." Salomão, rei muito sábio e entendido acerca da natureza humana, fato óbvio pelos provérbios que escreveu, diz o seguinte em Eclesiastes 7:20: "Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque."

            Séculos depois quando o mundo já estava sob o domínio do Império Romano, dentro do qual reinava uma degradação desenfreada do homem, Paulo, vendo estarrecidamente estas coisas voltou a repetir as palavras do Salmista Davi: "... como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos." (Romanos 3:10-18) Os cristãos de hoje veem o cumprimento ainda maior destes fatos e profecias.

            Espaço neste artigo não há para elaborar detalhadamente o que atualmente acontece nos bastidores, não somente nas nações mencionadas acima, contudo em muitas outras, que provocam os distúrbios que resultam anualmente em centenas, senão milhares de pessoas feridas e mortas. Estas pessoas arriscam-se a serem feridas ou mortas ao participarem de manifestações em prol de governos mais justos para todas as camadas das sociedades, contudo as ações delas não alcançam o objetivo, pois um governo injusto é reposto por outro semelhante ou até pior.

            As afirmações das cartas de Paulo a Timóteo, escritas quase vinte séculos atrás, dão apenas uma vaga ideia acerca de como seriam os homens dos últimos tempos. Nos períodos eleitorais, todos os candidatos afirmam que acabarão com as injustiças, o que não acontece, não obstante, ao serem eleitos acabam por participar ativamente nos atos injustos, ao darem-se conta de que são apenas um pequeno dentro de uma máquina que gera mais e mais injustiça. Justiça simplesmente não faz parte do ser humano desde a queda do homem no início da criação. A Bíblia declara àquele que se acha justo que as suas justiças são como "o trapo da imundície." (Isaías 64:6) Então se queremos alegria verdadeira, precisamos eleger um justo que tenha poder, autoridade e legitimidade para nos governar. Creio que todos concordam. Mas onde encontrá-lo?

            Se observarmos os exemplos de homens justos na Bíblia, veremos que na sua maioria pouco ou nada puderam fazer pela sociedade onde estavam inseridos. Isso porque o mundo "jaz no maligno" (I João 5:19). Sendo que o mundo todo se degradou, há como achar um justo para governar? Sim, a própria Bíblia nos guia a esse justo. Infelizmente este livro de origem divina está sendo cada vez mais rejeitado, ou em outras palavras, a fonte da solução está sendo rejeitada por ir contra os princípios desenvolvidos por uma sociedade totalmente desprovida de princípios justos. Mas se olharmos para o alto, logo veremos que: "O meu [nosso] socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra." (Salmos 121:2) Salmos 129:4 declara que "...o Senhor é justo..." Encontraremos o Justo, aquele que é poderoso e tem toda autoridade e legitimidade para governar aos seus, por ter os redimido (I Coríntios, 7:23), para que os verdadeiros filhos do Altíssimo não sejam escravos dos homens ímpios. A intenção de Deus ao chamar Abrão foi de formar uma nação em que fosse Ele o governador e hoje, o plano de Deus para a Igreja é o mesmo (Salmos 146:10).

            É mister que o cristão moderno mude o seu paradigma social. É certo que temos que pagar (cada vez mais) impostos, que carecemos de saúde e segurança pública, e tantas outras coisas, mas temos que considerar que fomos chamados a sermos "cidadãos do céu"! Em meio à desolação moral e social provocada pela escravidão, Habacuque escreveu: "Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas." (Habacuque 3:17,19). A nossa perspectiva de vida não deve estar referenciada na sociedade em que vivemos, pois esta simplesmente não é a nossa casa! A esperança e a alegria do cristão não devem estar depositadas nos seus governantes terrestres, pois estes, por mais injustos que possam ser, não podem sobrepor-se ao Justo que governa a vida dos santos que, alheio às circunstâncias terrenas e temporárias (Hebreus 11:14,16; II Coríntios 4:18), dá ordens a seu respeito. (Salmos 91:11) Nós, cristãos, não dependemos de fatores econômicos, climáticos, sociais ou políticos para sermos realmente felizes, pois a nossa alegria vem do Nosso Senhor, o Justo, o Grande Rei Jesus! Maranata!

 

Roni Querino e Philip D. Walmer.