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O MISTÉRIO DO TEMPO

            Um dos grandes mistérios da vida do homem é o tempo. Para Deus, o tempo não existe. Para os animais também parece não existir na prática, porque são repetitivos e não têm história. Mas o homem tem consciência do tempo.

            O homem se expande no tempo, mas também encontra ne­le a sua limitação.

            O passado engole tudo que vamos fazendo e vai desa­parecendo rapidamente até de nossa memória. As vezes, gostaríamos de retê-lo, às vezes, de esquecê-lo mais depressa.

            O futuro, no qual somos lançados cada vez mais rapi­damente, pode ser uma esperança, mas é sempre incerto, é sempre uma interrogação.

            O presente pode ser tão duro! Quantas vezes fazemos porque temos que fazer. Ou fazemos o que não queremos fazer. Ou temos que "matar o tempo".

            E o presente parece ser sempre o mais importante. Pode perder o passado e comprometer o futuro.

            Se a gente pudesse partir... esquecer de onde veio... não saber ainda para onde vai... viver intensa­mente o passo que está dando... o tempo não existiria. Estaríamos fixos no passo que estivéssemos dando. Isso não é nenhum absurdo, pois nós vivemos em um planeta, que pertence ao sistema solar, que por sua vez pertence a uma galáxia, que está sempre em rápido movimento. De onde veio? Não sabemos. Para onde vai? Não sabemos. Mas nós nem pensamos nisso e vivemos intensamente a terra como se ela fosse parada.

            A arte tenta escapar ao tempo evocando o passado, construindo obras que vençam o futuro, passeando pelo espaço e pelo tempo como quem passeia pela sua sala. Seria o tempo um cárcere para o homem? Querer escapar do tempo seria uma de nossas grandes manifestações de "querer ser como Deus?"

            Eu acho que o tempo é um dos grandes dons do homem. Mas precisamos ter a paciência que da sabedoria, porque sabedoria é saber apreciar o tempo. Compreender o tempo é saber usá-lo, mas não depender dele. A pessoa sábia é uma pessoa jovem.