Foco 2
Foco
Número 2
Casei-me em junho de 1961 e me formei no seminário em junho de 1962. Um mês depois eu me encontrei com a Diretoria Distrital que me concedeu credenciamento como ministro, condição que seguro até hoje, cinquenta e quatro anos depois.
Tendo ainda como foco principal o ministério ao qual Deus me chamou e apesar de estar secularmente empregado, pedi permissão para abrir um trabalho em uma cidade distante que escolhi, sabendo que todos os custos deste empreendimento caberiam a mim e a minha família. A permissão foi cedida e aproximadamente um ano depois de me formar, saímos para abraçar este desafio. Não tinha emprego garantido, nem casa para morar e com um filho de apenas nove meses de idade e doente, minha esposa grávida do segundo filho, sem dinheiro para alugueis de casa e lugar para realizar cultos.
O que ocorreu durante os cinco anos que permanecemos naquela cidade é outra história comprida que não relatarei neste artigo. O importante é que apesar de ficar desempregado por meses a fio, viver de um minguado seguro de desemprego naquele período, do nascimento de outro filho e sem qualquer auxílio financeiro para arcar com os custos, de uma enfermidade grave da minha mãe e seu eventual falecimento, entre outros desafios, nunca perdi o foco da minha chamada para o ministério e para esta cidade.
No encontro com a Diretoria Distrital no qual pedir autorização para abrir o trabalho os membros me perguntaram por quanto tempo ficaria na cidade para labutar na abertura de uma igreja naquele lugar difícil. A pergunta foi legitima, pois vários outros embarcaram em trabalhos semelhantes, mas quando chegaram às dificuldades, eles fugiram. A diretoria queria uma garantia e eu não tentei tirar sua razão. Prometi dar cinco anos. Eles ficaram satisfeitos.
O fim deste prazo estava se aproximando sem que eu percebesse, mas curiosamente recebi um convite para assumir uma igreja havia muito tempo bem estabelecida. No início disse categoricamente que não tinha interesse, pois senti que não tinha alcançado nosso alvo na cidade onde estávamos. Finalmente, depois de muita insistência, eu concordei ir pregar naquela igreja num fim de semana, porém, deixei claro que não tinha interesse em assumir o pastorado. Sem meu consentimento a diretoria da igreja se reuniu após o culto de domingo de noite e votou favoravelmente para me aceitar como pastor. Fiquei surpreso e consternado ao mesmo tempo.
Aí começou um período de grande luta por dentro de mim. Sair ou não sair. Ir ou não ir. Oramos e jejuamos. A igreja para onde poderíamos ir poderia nos sustentar pelo menos parcialmente e um emprego como motorista de ônibus escolar estava na mão. Mas eu não queria que considerações financeiras fossem a razão de aceitar o convite. Não queria perder o foco. Queria estar bem dentro da vontade de Deus. Passamos semanas inquietas e transtornadas. O que fazer? O que era a vontade de Deus? Parecia que a resposta jamais seria divulgada por Deus.
Finalmente resolvemos de renunciar a igreja onde estávamos pastoreando, procurar um pastor para assumir o pastorado e seguir avante para a igreja que queria que fôssemos seu pastor. Falamos que se Deus tinha outro plano Ele teria de bater a porta em nossos rostos.
Um pastor para assumir nosso lugar foi selecionado. Carregamos nossa pobre mudança em cima de um caminhão e saímos. O interessante foi que ao sair da cidade conferi a data e foram exatamente os cinco anos que prometi dar para a obra naquela cidade. Cinco anos passaram, desafios vieram e passaram, passamos necessidades, nossa casa era velha e necessitava de grandes reformas, e os carros também eram velhos, ao menos usados. O futuro não era assim bem certo e minha esposa estava grávida com o terceiro filho. Mas, uma coisa era certa... o ministério ao qual Deus me chamou não perdeu seu foco. O ministério da Palavra de Deus era, apesar das privações e dificuldades, a prioridade da minha vida.
Philip D. Walmer
A ser continuado.