A hora de Suplicar Pela Misericórdia Divina

 

 

Certa noite a Dra. Helen Roseveare foi chamada para atender a uma parturiente. Mas o caso era difícil, e apesar de todos os esforços dela e das enfermeiras, a mãe morreu, deixando uma criancinha prematura e uma garotinha de dois anos. Lidando num hospital de um povoado remoto no Zaire, a médica se sentia quase desesperada pela falta de recursos. Então disse às parteiras:

"Se quisermos salvar esse bebê, precisamos manter a temperatura constante."

Mas ali não havia eletricidade, e portanto não possuiam uma incubadora. Uma das enfermeiras foi arranjar uma caixa de papelão para colocar nela a criancinha, e chumaços de algodão para mantê-la aquecida. Uma das parteiras saiu para buscar uma bolsa de água quente e outra foi pegar mais lenha para o fogão. Pouco depois voltava a enfermeira que tinha ido providenciar a bolsa de água quente.

- Sinto muito, doutora, disse. Fervi a água, mas quando a coloquei na bolsa, ela estourou. Era a última que tínhamos aqui.

Por perto não havia nenhuma farmácia onde pudessem comprar uma nova. Então a médica disse:

- Está bem. Coloque a caixa com o bebê o mais próximo possível do fogo. Você terá de dormir perto dele, entre ele e a porta, para protegê-lo da corrente de ar.

No dia seguinte, ao meio-dia, a Dra. Helen se reuniu com seus órfãos para orarem, como fazia todos os dias. Nessa ocasião, apresentou-lhes vários pedidos de oração e lhes falou sobre o bebezinho recém-nascido, explicando que seria muito difícil salvar a vida dele. Contou-lhes sobre a bolsa de água quente que havia estourado e falou também da irmãzinha dele, que tinha dois anos e estava chorando muito por falta da mãe.

No momento em que oravam, uma garota de dez anos, de nome Nammy, apresentou o pedido a Deus de forma direta, típica das crianças africanas.

- Senhor, mande uma bolsa de água quente. Amanhã não adianta, o nenê já estará morto. Mande hoje de tarde. E em seguida concluiu: Ah, e aproveitando que o Senhor vai cuidar disso, mande também uma boneca para a menininha, para que ela saiba que o Senhor ainda a ama.

Será que a missionária disse "Amém"? Na verdade, ela não acreditava muito que Deus pudesse atender. Ah, claro que sabia que Ele poderia fazer qualquer coisa. Certamente já ouvira muitas pregações e cantara hinos que falavam a esse respeito. Mas será que daria para Ele atender a um pedido desse?

Havia três anos que se encontrava naquele lugar e nunca recebera nenhum pacote pelo correio. Simplesmente não chegava nada lá. E só recebia alguma correspondência quando, por acaso, alguém estava viajando naquela direção. Mas mesmo que alguém de sua terra, a Grã-Bretanha, lhe enviasse um pacote, não iria mandar uma bolsa de água quente, pois ela se achava num país tropical. A Dra. Helen relata o que aconteceu.

"Pelo meio da tarde, eu estava dando uma aula no curso de enfermagem, quando alguém apareceu por lá, dizendo:

'- Doutora, tem um carro parado na frente da sua casa.'

"Fui até lá mas quando cheguei o carro já havia partido. Contudo, na varanda estava um caixote que viera do Reino Unido. Acho que foi então que comecei a chorar. Compreendi que não poderia abri-lo sozinha. Mandei chamar os órfãos, e nos pusemos a abri-lo todos juntos. Logo por cima via-se algumas peças de vestuário de cores vivas, que eles adoram. Tirei-as e os olhos deles brilharam. Pus-me a distribuí-los ao mesmo tempo em que orava: Senhor, que haja roupas para todos eles. Depois vimos algumas ataduras especiais para os leprosos; as crianças ficaram um pouco frustradas. Em seguida, vinha uma barra de sabão, e elas ficaram ainda mais desapontadas. Mas daí a pouco encontramos uma caixa de frutas secas. Iríamos guardá-las para o final de semana, para fazer biscoitos crocantes. E em seguida encontrei o que esperávamos: uma bolsa de água quente (de borracha) novinha em folha. Então não aguentei e chorei."

Nammy era uma das que estavam perto da caixa. Aproximou-se mais e disse:

- Se Deus mandou a bolsa, deve ter mandado a boneca também.

Inclinou-se sobre a caixa e, com as duas mãos, pôs-se a remexer nela à procura da boneca, e a encontrou. Dirigindo-se à Dra. Helen disse:

- Mamãe, posso ir dar essa boneca para a menininha para que ela saiba que Jesus a ama de verdade?