A Arte De Calar
Prof. Anísio Renato de Andrade
"Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar." (Tiago1:19)
É muito importante a capacidade de se comunicar de modo claro e eficiente. Contudo, saber calar também é algo valioso e ainda mais difícil.
As palavras têm um grande poder e, uma vez ditas, não podem ser recolhidas. São como flechas que, tendo sido atiradas, não podem ser contidas pelo flecheiro. Notamos, portanto, a importância do controle sobre as palavras, de modo que sejam liberadas com prudência e "economia", pois "No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente" (Provérbios 10:19). Existem circunstâncias em que o melhor a fazer é manter o silêncio.
"Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio." (Lamentações 3:26)
- Quando estamos sob forte tribulação ou logo após um fracasso, temos a tendência de falar bobagens, inclusive murmurando contra Deus, como fizeram os israelitas diante das intempéries e privações do deserto (Números 11:1-10; 14.2). No meio das dificuldades, louvemos ao Senhor e não murmuremos. "Para que o meu espírito te cante louvores e não se cale. Senhor, Deus meu, graças te darei para sempre" (Salmo 30:12). "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (I Tessalonicenses 5:18). Se não conseguimos louvar, calemo-nos.
- Quando vemos o erro, o pecado ou insucesso de outra pessoa, nossa língua parece procurar os ouvidos de alguém para contar a notícia. Se não pudermos falar algo para ajudar nosso próximo, é melhor que nos calemos. Às vezes o caso exige denúncia ou conselho, mas normalmente a questão não é essa e acabamos cometendo a maledicência e a difamação. Temos um tribunal dentro de nós: a consciência, e queremos aplicá-la sobre os outros, como se tivéssemos o direito de julgá-los e condená-los (Tiago 4:11-12). Dessa forma, atraímos condenação sobre nós mesmos (Tiago 5:9).
- Quando vemos operações sobrenaturais, uso de dons espirituais ou mesmo práticas litúrgicas no meio cristão que porventura sejam diferentes das nossas, não devemos ser apressados na crítica ou condenação. Não somos obrigados a gostar nem concordar com tudo, mas a pressa em nos pronunciarmos a respeito pode levar ao pecado. Na maioria das vezes, é melhor calar (Mateus 12:22-37; Atos 5:33-40).
- Quando orarmos, não sejamos exagerados em nossas frases, pois podemos estar mentindo, principalmente no que diz respeito aos votos. É melhor evitá-los do que prometermos aquilo que não podemos cumprir. Tal atitude pode trazer a punição divina sobre nós.
"Chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos... Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus... portanto, sejam poucas as tuas palavras. Porque, dos muitos de trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias... Melhor é que não votes do que votes e não cumpras. Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus que foi inadvertência; por que razão se iraria Deus por causa da tua palavra, a ponto de destruir as obras das tuas mãos?" (Eclesiastes 5:1-7)
"O Senhor, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra" (Habacuque 2:20).
"Irai-vos, e não pequeis; consultai no travesseiro o vosso coração, e sossegai." (Salmo 4:4).
"A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto." (Provérbios 18:21)
"Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado." (Mateus 12:37)
"... a palavra a seu tempo, quão boa é!" (Provérbios 15:23)
"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo." (Provérbios 25:11)
"Tens visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o insensato do que para ele." (Provérbios 29:20)
"Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o seu corpo." (Tiago 3:2)
"O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína." (Provérbios 13:3)
"O que guarda a sua boca e a sua língua, guarda a sua alma das angústias. " (Provérbios 21:23)
"Até o estulto, quando se cala, é tido por sábio, e o que cerra os lábios, por sábio." (Provérbios 17:28)
Se falarmos, que seja para a edificação (Efésios 4:29). Sempre que possível, nossas palavras devem ser positivas.
O domínio próprio é parte do fruto do Espírito. Que ele nos ensine a calar ou falar quando for preciso. Que não pequemos pela omissão nem pela precipitação. Que o Senhor nos dê sabedoria para administrar o poder dos nossos lábios, de modo que ele seja usado somente para a glória de Deus.
(Em caso de utilização impressa do presente material, favor mencionar o nome do autor: Anísio Renato de Andrade - Bacharel em Teologia. Para esclarecimento de dúvidas e anisiorenato@ig.com.br)