>
 

Alcançar Os Perdidos

 

Existe uma idéia errada, muito comum entre os crentes, de que se não recebermos um chamado específico de Deus para levar o evangelho a outros, não temos a menor obrigação de fazê-lo.

Certa vez um jovem expressou claramente esse pensamento, dizendo:

"Tenho muito amor à obra missionária e sempre que ouço falar sobre os perdidos sinto um desejo ardente de ajudar o trabalho. Mas não recebi um chamado de Deus para isso, e não quero fazer nada na energia da carne."

Engraçado, já li a lista das obras da carne citada no Novo Testamento, mas não encontrei ali a "obra missionária". Aliás, nos textos de Romanos 15:8-12 e Atos 13:47, temos uma indicação clara de que a autoridade de Paulo e seu senso de responsabilidade, no sentido de evangelizar os incrédulos, vinham das Escrituras. Na verdade, a Bíblia dá essa ordenança diversas vezes. Assim sendo, não vejo como Deus possa vir a repreender alguém, no dia do juízo, por haver dedicado a vida a pregar o evangelho.

É claro que Paulo teve experiências pessoais com Deus que definiam seu papel na obra missionária. Em minha opinião, o ideal era que todos nós as tivéssemos. Contudo não creio que todos precisemos esperar primeiro receber um "toque" sobrenatural para depois começar a atuar. A pior coisa que podemos fazer é ficar parados por não termos tido uma experiência de chamado.

O meu desejo com relação a missões é que todos os indivíduos e ministérios estejam empenhados em levar o evangelho aos povos que ainda não o receberam.

Mas os que já são missionários também têm um problema, que é diferente do de quem não quer ir ao campo. Nossa dificuldade é não querer ir "até o fim".

Conheço crentes que estão trabalhando no serviço cristão, em tempo integral, que agem de forma desonesta com relação ao seu chamado ministerial. Quando a situação começa a ficar difícil, eles afirmam que receberam “uma orientação de Deus” para saírem dali. E se transferem para um lugar onde as coisas estejam um pouco mais tranquilas.

Quando estávamos preparando o terreno de nossa nova sede no Brasil, tivemos de trabalhar cerca de três meses no local, fazendo serviços pesados. Além disso, passávamos tanta necessidade que por vezes precisávamos de um milagre para comprar fubá para nos alimentarmos. Nosso grupo, que inicialmente era constituído de 96 pessoas, ficou reduzido a 32. E nem um dos que nos deixaram disse que estava saindo por achar a tarefa “dura demais”. Todos afirmavam que haviam recebido “um nova orientação de Deus”.

Eu não teria coragem de julgá-los individualmente. Contudo estava claro que a maioria foi embora por não gostar das dificuldades que enfrentávamos. E o que fizeram — usar o nome de Deus como desculpa — é uma temeridade.

Ademais, basta procurar saber onde está a maior concentração de missionários para constatarmos a realidade desse fato. Na última década, a obra missionária cresceu bastante em várias partes do mundo, menos na “Janela 10\40”. É nessa região que encontramos mais pobreza, mais perseguição, doenças e toda sorte de problemas.

Irmãos, vamos orar pelos obreiros que se dispõem a viver nesses lugares mais difíceis e apoiá-los de todas as formas possíveis. Precisamos vê-los como “nossos heróis”, e sustentá-los financeiramente.

Por último, vamos, cada um de nós, examinar o coração, e ver que contribuição podemos dar para evangelização dos perdidos. A Bíblia não nos dá opção de ficarmos neutros. Então estejamos prontos para fazer aquilo que Deus ordenar. Vamos abrir mão de nossos próprios projetos de vida a fim de realizar os dele.

Philip D. Walmer